O governo Michel Temer decidiu manter os vice-presidentes da Caixa Econômica Federal que estão sob suspeitas, a despeito de recomendação feita no mês passado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Os procuradores que atuam na Operação Greenfield haviam alegado em ofício encaminhado ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e ao presidente da Caixa , Gilberto Occhi, que as investigações das operações Sépsis , Cui Bono, A Origem e Patmos apontaram "marcante influência política nos processos internos" do banco estatal. Frente a esse quadro, o MPF pediu a "troca imediata de todos os vice-presidentes" da empresa.
"A existência de diversas figuras proeminentes na administração da CEF em casos investigados [...], bem como a perene influência política sobre funções que deveriam ser essencialmente técnicas, além do aparente comprometimento em defender atos irregulares passados, comprometem a isenção dos agentes, a acessibilidade de informações necessárias à apuração interna e externa pelos órgãos de controle e a confiabilidade nas operações firmadas e em estágio de contratação", escreveram os procuradores.
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As investigações contra esquema na Caixa
Entre os fatos que embasaram o pedido do MPF está a suposta atividade do ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures junto ao presidente da Caixa e ao vice-presidente Antônio Carlos Ferreira para "tratar de operações de interesse da Rodrimar", empresa que opera no Porto de Santos . Também consta no pedido de troca dos executivos registro de reunião entre Antônio Ferreira e o empresário Wesley Batista, da JBS, poucos dias após este firmar acordo de delação premiada.
As investigações de irregularidades envolvendo a cúpula da Caixa já renderam mandados de prisão contra os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (que já estava preso por conta da Lava Jato) e Henrique Eduardo Alves, e do ex-ministro Geddel Vieira Lima – todos do MDB.
Geddel já foi vice-presidente da Caixa, assim como Fábio Cleto, que fez acordo de colaboração com a Justiça e confessou ter praticado crimes durante o exercício do cargo. Segundo Cleto, ele se encontrava semanalmente com Eduardo Cunha para repassar ao então deputado informações sobre pedidos de financiamento feitos a fundos de investimentos geridos pelo banco estatal. Os recursos eram liberados mediante ao pagamento de propina aos executivos e políticos, ainda de acordo com o delator.
Em nota, a Casa Civil do governo federal informou que respondeu à recomendação do MPF na semana passada alegando que "as medidas indicadas na recomendação da Procuradoria não estão inseridas nas atribuições institucionais" do órgão. A Caixa ainda não se manifestou a respeito.