Nove das dez parcelas de R$ 1,4 mil pagas ao ex-funcionário da deputada federal Cristiane Brasil (PTB), nomeada por Michel Temer como nova ministra do Trabalho , foram pagas pela conta da secretária parlamentar do gabinete de Cristiane, segundo revelou o jornal O Globo neste sábado (6).
Cristiane Brasil foi processada na Justiça Trabalhista por dois ex-motoristas, que alegaram não terem sido registrados enquanto eram funcionários dela . Na ação movida por Leonardo Eugênio de Almeida Moreira, a nova ministra foi condenada a pagar R$ 14 mil ao ex-funcionário, divididos em dez parcelas – e que começaram a ser pagas em maio do ano passado.
De acordo com o advogado de Moreira ao O Globo , o valor de R$ 1,4 mil mensal foi, na verdade, pago pela conta bancária de Vera Lúcia Gorgulho Chaves de Azevedo, que é funcionário do gabinete de Cristiane Brasil e tem um salário de pouco mais de R$ 10 mil.
Vera também é filiada ao PTB , partido no qual Roberto Jefferson – pai de Cristiane – é presidente nacional. A secretária executiva ainda é mãe de Carolina Chaves, sucessora de Cristiane na Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida no Rio de Janeiro, durante a gestão de Eduardo Paes. Hoje, Carolina ocupa o cargo de diretora-geral do Arquivo Nacional, por indicação da nova ministra.
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Ao jornal, o advogado de Leonardo afirmou ser “um absurdo” que o pagamento não seja feito pela conta de Cristiane, também requisitou um esclarecimento da ministra sobre os motivos pelos quais a assessora parlamentar efetuar o pagamento. Já sobre a indicação de Temer para o ministério do Trabalho
, o ex-motorista disse estar indignado. “Achei irônico. A pessoal não garante os direitos de quem trabalha para ela, como vai garantir o direito de todos os trabalhadores?”, indagou.
Na outra ação, movida por Fernando Fernandes, a agora ministra foi condenada a pagar quase R$ 60 mil. O ex-motorista trabalhava 15 horas por dia, além de não ter carteira registrada.
O outro lado
Procurada pelo jornal, Cristiane Brasil defende que considera as “duas acusações [dos ex-motoristas] injustas, porém respeita as decisões dos magistrados, pois fazem parte do processo democrático e dos princípios constitucionais”. Ainda disse que o pagamento a Leonardo foi repassado por Vera, uma vez que foi ela quem a representou na audiência “e, por este motivo, entendeu que era seu dever garantir o cumprimento do termo acordado”.
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