A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta sexta-feira (22) uma operação com desdobramentos em cinco estados. Batizada de Operação Caixa 3, a ofensiva tem como objetivo investigar suspeitas levantadas por delatores da Odebrecht acerca de operações de crédito realizadas entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Grupo Petrópolis, cervejaria que produz os rótulos Itaipava e Crystal.
Os integrantes da força-tarefa montada hoje para a Operação Caixa 3 cumprem 14 mandados de busca e aprensão em endereços no Ceará, em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco. As diligências foram autorizadas pelo Juízo da 11ª Vara Federal em Fortaleza (CE).
As suspeitas envolvendo o Grupo Petrópolis surgiram ainda no âmbito da Operação Lava Jato, onde foram apreendidas planilhas indicando que distribuidoras de cerveja teriam sido usadas pela construtora Odebrecht para repassar doações ilegais a políticos. O esquema posteriormente foi confirmado por delatores da empreiteira.
A partir da denúncia, o CGU fez auditoria no Banco do Nordeste para analisar as operações de crédito para a construção de duas fábricas do Grupo Petrópolis, na Bahia e em Pernambuco. Os contratos compreendem o montante de, aproximadamente, R$ 827 milhões e o possível prejuízo decorrente de irregularidades ainda não foi apurado.
Foram constatadas irregularidades na avaliação, concessão e acompanhamento das operações de crédito do BNB, financiadas com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
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Delação da Odebrecht
Também foi investigado o fato narrado por Marcelo Bahia Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da construtora, no sentido de que parte dos recursos obtidos junto ao Banco do Nordeste pela cervejaria teriam sido destinados ao pagamento de despesas de campanhas eleitorais.
O relato de Marcelo Odebrecht se deu no âmbito da ação que pedia a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, o relator do processo, ministro Herman Benjamin, batizou de "caixa 3" o esquema constituído nos repasses da construtora ao Grupo Petrópolis para fazer doações a campanhas. É daí que surgiu o nome da Operação Caixa 3, que reuniu nesta sexta-feira cerca de 72 policiais federais e 10 auditores da CGU.