O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido da defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima para saber de quem é o telefone que denunciou o apartamento em Salvador onde foram encontrados R$ 51 milhões, supostamente resultado de transações ilegais. O político está preso em Salvador.
Na decisão, o ministro, relator do caso de Geddel Vieira Lima , alegou que suas “atribuições, nessa fase, são limitadas à supervisão dos atos investigativos” e por isso é inviável “a análise sobre a pertinência das diligências requeridas, as quais devem ser submetidas à apreciação da autoridade policial e do órgão acusatório”.
No pedido negado, a defesa ainda também quais pessoas foram ouvidas pela Polícia Federal e qual agente atendeu à ligação. Segundo a PF, a descoberta do dinheiro ocorreu após uma ligação anônima.
Para os advogados de Geddel, as circunstâncias das investigações podem anular todo o inquérito, caso seja verificada alguma irregularidade. A defesa afirmou em nota que a Polícia Federal e o Ministério Público não podem "valerem-se da prerrogativa de sigilo da fonte", conforme determinado pela Constituição Federal.
O ex-ministro não possui mais foro privilegiado , mas como seu irmão Lúcio Vieira Lima, também investigado e é deputado federal, o caso corre no Supremo.
O Caso
Ex-articulador político e ex-ministro de Governo de Michel Temer (PMDB), Geddel é investigado por atuar em esquema criminoso envolvendo fundos de financiamento controlados pela Caixa Econômica Federal. Ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco e é suspeito de receber propina em troca de favorecimento a empresas que pleiteavam financiamentos para projetos.
O apartamento no qual o dinheiro foi encontrado pertence ao empresário Silvio Silveira, que disse em depoimento à Polícia Federal que emprestou o imóvel a Lúcio Vieira Lima. O parlamentar e Geddel disseram ao empresário que usariam o apartamento para armazenar pertences do pai deles, que morreu no início do ano passado.
Após a descoberta, Geddel foi preso preventivamente no dia 8 de setembro em relação ao caso da fortuna encontrada. A Polícia Federal encontrou impressões digitais dele em sacos de dinheiro que estavam nas malas e caixas que armazenavam a fortuna apreendida em Salvador.
Um laudo de perícia papiloscópica concluído pela PF no dia 5 de setembro indica que foram encontradas marcas dos dedos mínimo e médio da mão esquerda de Geddel em dois sacos plásticos que continham cédulas de R$ 100.
Ele já estava em prisão domiciliar, desde julho, quando foi flagrado contatando a esposa do lobista Lúcio Funaro, Raquel Pitta, para supostamente tentar impedir que o doleiro firmasse um acordo de delação premiada. A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, afirmou que "Geddel Vieira Lima é líder de uma organização crimonosa".