O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin repassou à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, um pedido de investigação sobre suposta ameaça feita pelo deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) ao ex-ministro da Cultura Marcelo Calero – pivô da renúncia de Geddel Vieira Lima (irmão de Lúcio) ao posto de articulador político do governo Temer.
O pedido de investigação foi levado ao STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que relatou episódio narrado pelo próprio Calero. Segundo o site O Antagonista
, o ex-chefe do MinC disse que Lúcio Vieira Lima o ameaçou de morte em novembro do ano passado, mesmo mês em que Geddel deixou a Secretaria-Geral do governo após ter sido alvo de acusações.
Naquela ocasião, Calero acusou Geddel de tê-lo pressionado para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão subordinado ao MinC, autorizasse a construção do edifício La Vue Ladeira da Barra, empreendimento de alto padrão em Salvador (BA) no qual a família de Geddel havia adquirido um apartamento.
A obra havia sido embargada pois seu projeto está em uma área histórica da capital baiana, onde cartões postais da cidade poderiam ser afetados pela sombra que o imponente edifício projetaria. Os prédios da região podem ter só até dez andares, enquanto o La Vue foi projetado para ter o triplo disso.
A denúncia motivou uma crise que se arrastou por uma semana, até que Geddel decidiu renunciar ao cargo de chefe da Secretaria-Geral do governo. O próprio Calero também abandonou a equipe de Temer por conta do episódio.
Os apartamentos de Geddel
O pedido de investigação sobre a suposta ameaça de Lúcio Vieira Lima foi apresentado no âmbito do inquérito que investiga outro apartamento de destaque na biografia de Geddel Vieira Lima : o 'bunker' usado pelo ex-ministro para esconder os R$ 51 milhões apreendidos em setembro pela Polícia Federal.
Relator do inquérito sobre o 'bunker', o ministro Edson Fachin ressaltou que o pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não está relacionado ao episódio dos R$ 51 milhões, e que, portanto, deveria ser redistribuído pela ministra Cármen Lúcia.
“Ainda que o aludido empreendimento [La Vue Ladeira da Barra] tenha sido utilizado para a lavagem de capitais imputada aos denunciados [Geddel e Lúcio Vieira Lima], tal circunstância, por si só, não seria apta a justificar a apuração conjunta dos fatos”, escreveu o ministro ao enviar o pedido à presidente do STF.
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*Com informações da Agência Brasil