Garotinho passa 1ª noite em prisão de segurança máxima após suposta agressão

Família de Garotinho protesta contra versão da Secretaria de Administração Penitenciária e classifica transferência para Bangu 8 como "punição"; ex-governador disse que agressor insinuou ligação com presos da Lava Jato

Imagens divulgadas pela equipe de Anthony Garotinho mostram ferimentos do ex-governador
Foto: Reprodução
Imagens divulgadas pela equipe de Anthony Garotinho mostram ferimentos do ex-governador

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho passou sua primeira noite no presídio de segurança máxima Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, para onde ele foi transferido após relatar ter sofrido suposta agressão no presídio de Benfica , onde ele estava detido desde a última quarta-feira (22). O político chegou ao seu novo cárcere pouco antes das 22h da noite dessa sexta-feira (24), conforme informou a Secretaria de Adminitração Penitenciária do estado (Seap).

De acordo com a versão apresentada ontem por Anthony Garotinho ao delegado da 21ª DP, em Bonsucesso, um homem de aproximadamente 1,70m de altura teria invadido sua cela no presídio de Benfica na madrugada de quinta para sexta-feira. O ex-governador disse que o sujeito portava algo parecido com um taco de beisebol, usado para desferir um golpe em seu joelho, e chegou a apontar uma arma para ele. Garotinho disse ainda que o agressor teria dito: "Você gosta muito de falar, não é? Só não vou te matar para não sujar o pessoal aqui do lado".

Ao pronunciar essa segunda frase, segundo o ex-governador, o homem fez um gesto indicando as outras galerias da cadeia de Benfica, onde estão detidos desafetos políticos de Garotinho como Sérgio Cabral (PMDB), o ex-secretário Sérgio Côrtes, e o presidente da Assembleia Legislativa do RJ (Alerj), deputado Jorge Picciani (PMBD).

Os agentes penitenciários de Benfica contestam a versão do ex-governador e as imagens divulgadas pela Seap não mostram o momento da suposta invasão à cela de Garotinho.

O episódio levou o Ministério Público do Rio de Janeiro a fazer uma varredura no presídio, onde foram encontrados na cela dos presos da Lava Jato (Cabral, Côrtes, Picciani e mais dois deputados estaduais) iguarias como camarões, queijo de cabra, presunto cru e bolinho de bacalhau .

Família Garotinho protesta contra a Seap

Embora a transferência para fora longe da cadeia que abriga Cabral e Picciani fosse um pleito da defesa de Garotinho, a escolha do presídio de Bangu 8 é tida como uma punição ao político.

A família de Garotinho, por meio de nota, criticou as "insinuações" da Seap de que o ex-governador teria se autolesionado e disse ainda que isso foi usado como um "pretexto para lhe impor punições".

"A Seap alega que as imagens do circuito interno de TV não detectaram ninguém entrando na cela para agredir o ex-governador, mas essas mesmas câmeras também não flagraram inúmeras irregularidades que beneficiaram o grupo de Sérgio Cabral”, diz o texto.

A transferência de Garotinho foi negada pela Vara de Execuções Penais (VEP) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), apesar de antes disso ter sido determinada por um juiz eleitoral que alegou a necessidade de "garantir a integridade física e evitar novos questionamentos duvidosos" do ex-governador.

Apesar do veto da VEP, coube à Seap dar a palavra final sobre a transferência de Garotinho. Foi a própria Secretaria que elegeu o presídio de Bangu 8, na zona oeste, para abrigar o político.

Anthony Garotinho e sua esposa, a também ex-governadora Rosinha Matheus,  foram presos preventivamente na quarta-feira sob acusações de prática dos crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.