O marqueteiro Renato Pereira revelou, em delação premiada, um esquema de 'caixa 2' nas campanhas do PMDB no Rio. Segundo o publicitário, houve pagamento ilícito nas campanhas do ex-governador Sérgio Cabral, do governador Fernando Pezão e também do ex-prefeito Eduardo Paes. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski retirou sigilo da delação de Pereira nesta terça-feira (14). As informações são da Globo News e Estadão.
Pereira, que trabalhou nas três campanhas citadas, disse que era comum pagar parte do valor das campanhas em 'caixa 2'. Somente na campanha de Pezão, o publicitário diz que foram repassados a ele, de forma não declarada, cerca de R$ 800 mil. Ainda segundo a delação , o responsável pelo cronograma e pelos pagamentos era Hudson Braga, o então secretário de Obras do Rio de Janeiro, que está preso por participar da ‘quadrilha de Sérgio Cabral’.
Outros detalhes foram revelados por Pereira. Na campanha de Pezão , que teria recebido mais de R$ 3 milhões nos valores atualizados, pagos pelo superintendente da Odebrecht, Leandro Azevedo, em uma conta no exterior.
Já na campanha de Sérgio Cabral ao governo do Rio em 2010, os pagamentos eram feitos pelo ex-secretário Wilson Carlos. De acordo com o marqueteiro, fora combinado o pagamento de R$ 300 mil mensais e que ele receberia o valor via “Barata” [que pode ser Jacob Barata Filho, segundo fontes afirmaram ao canal de TV].
E na corrida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes investiu R$ 20 milhões na campanha, assinada pela produtora "Cara de Cão". Os valores eram repassados por um assessor de Paes em restaurantes e outros locais marcados via celular.
Delação rejeitada
Ontem, o ministro do STF Ricardo Lewandowski rejeitou o acordo de delação premiada acordada entre o marqueteiro e a Procuradoria-Geral da República. Além de pedir atualização de alguns pontos, o magistrado retirou o sigilo da colaboração de Renato Pereira.
A decisão de Lewandowski foi questionada pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge nesta quarta-feira. Para ela, isso traz risco à segurança do delator, uma vez que ele expôs crimes “de grupos criminosos no Estado do Rio de Janeiro” e que isso “acaba elevando o risco de integridade física” de Pereira. Dodge recorreu da decisão da retirada de sigilo.
Leia também: Acusado de corrupção, ex-governador do MS deixa cadeia um dia após ser preso
A procuradora ainda criticou o vazamento da delação de Pereira – argumento, inclusive, utilizado pelo magistrado da Corte para a retirada de sigilo. Ela defendeu que a divulgação do conteúdo é “criminosa”.
O acordo de delação premiada do publicitário foi realizado ainda durante o período em que Rodrigo Janot estava à frente da PGR. Para o ministro do STF, as decisões são “muito benéficas para o delator”.