Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregaram nesta terça-feira (24) os originais dos recibos de pagamento de aluguel do apartamento que pertence ao empresário Glaucos da Costamarques e foi locado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia, em São Bernardo do Campo (SP).
A apresentação dos documentos foi exigida pelo juiz federal Sérgio Moro após os procuradores da Lava Jato contestarem a idoneidade das cópias entregues pela defesa do petista no âmbito de ação que apura suposta vantagem ilegal da Odebrecht a Lula
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Em entrevista coletiva convocada para a apresentação dos documentos, o advogado Cristiano Zanin Martins voltou a afirmar que os recibos se tornaram o foco da ação penal discutida em Curitiba somente porque não há provas quanto ao pagamento de vantagens ilegais da Odebrecht ao ex-presidente.
"A acusação veiculada nessa ação penal não diz respeito à locação de imóveis, mas sim à compra de dois imóveis supostamente com recursos provenientes de oito contratos firmados entre a Petrobras e algumas empreiteiras. no entanto, até hoje, nenhuma prova foi apresentada de que recursos desses contratos foram utilizados."
Sírio-Libanês pôs "pá de cal" na polêmica
O defensor também rebateu as informações de que o dono do apartamento, Glaucos da Costamarques (primo do pecuarista José Carlos Bumlai), teria assinado todos os recibos de uma vez só. Glaucos relatou ao juiz Moro no mês passado que o advogado e compadre de Lula Roberto Teixeira Martins, que também é réu na Lava Jato, o visitou no Hospital Sírio-Libanês –onde ele estava internado– para que ele assinasse recibos referentes aos aluguéis de 2015.
Martins considerou que as informações prestadas pelo hospital indicando que essa visita de Roberto Teixeira não foi registrada "colocaram uma pá de cal na versão" de Glaucos.
"Ele apresentou uma narrativa que não se confirmou. A despeito da insistência do juiz, que ao nosso ver, extrapolou o papel de magistrado e agiu como um investigador ao reforçar pedidos ao hospital que já haviam sido respondidos."
"Além de não haver indício de utilização de valores da Petrobras destinados ao ex-presidente Lula, temos que a relação de locação que foi colocada artificialmente no processo está devidamente esclarecida", concluiu o defensor.
De acordo com os registros da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, foram entregues nesta tarde sete folhas referentes ao contrato de locação firmado entre Marisa Letícia e Glaucos; 31 recibos de aluguel e ainda uma carta encaminhada pelo empresário à ex-primeira-dama. Segundo os advogados de Lula, a missiva foi enviada à dona Marisa em janeiro deste ano e "não apresenta qualquer ressalva de dívida de aluguel".
A polêmica acerca dos recibos surgiu após audiências realizadas no mês passado no âmbito de ação penal que tem Lula, Glaucos, Roberto Teixeira e mais cinco como réus. O MPF acusa o ex-presidente de ter recebido o apartamento nº 121 do residencial Hill House, em São Bernardo do Campo, bem como um terreno comprado para sediar o Instituto Lula, como contrapartida paga pela Odebrecht em troca da atuação do ex-ministro Antonio Palocci a favor da empreiteira.