O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, agiu para que o PSDB e o DEM não deixassem a base do governo
Marcos Corrêa/PR - 4.9.17
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, agiu para que o PSDB e o DEM não deixassem a base do governo

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou ser “nem contra, nem a favor” da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) , que tramita na Casa. Em entrevista ao jornal Valor Econômico , o deputado do Rio de Janeiro afirmou que “denúncia não é campanha para assumir Presidência”.

"Não fiz com eles o que eles fizeram com a Dilma. Talvez, por isso, essas mentiras criadas, para tentar criar um ambiente em que eu era o que não prestava e eles eram os que prestavam", afirma. "Como eles fizeram desse jeito com a Dilma, talvez imaginassem que o padrão fosse esse. O meu padrão não é o mesmo daqueles que, em torno do presidente, comandaram o impeachment da presidente Dilma", explicou Rodrigo Maia .

Em relação à primeira denúncia – que não foi aprovada pela Câmara – Maia agiu para que o PSDB e o DEM não deixassem a base. "Vou dizer claramente, sem nenhuma vaidade: se eu tivesse deixado o DEM sair com o PSDB, o Michel tinha caído". O deputado afirmou ainda que “esse papel [de conspirador], que alguns gostariam que eu tivesse exercido, não tinha condição de exercer nem na primeira, nem terei na segunda".

Tensões

No último dia 20, Maia fez duras críticas ao peemedebista . De acordo com o deputado, o presidente faltou com a palavra em relação à filiação ao PMDB do senador Fernando Bezerra (PE), ex-PSB, que estava em negociação com seu partido havia meses, junto de deputados da legenda.

Segundo o deputado, que ocupa interinamente o cargo de presidente da República durante a viagem de Michel Temer aos Estados Unidos, o DEM poderá reagir, citando possíveis retaliações em votações de interesse do governo. O atrito entre os dois partidos acontece após o episódio da tramitação da primeira denúncia contra Temer na Câmara, por corrupção passiva.

Na época, realizou reuniões com integrantes da cúpula do PSB e, durante esse episódio, o presidente fez um jantar no Palácio do Jaburu para afirmar que o PMDB não estaria realizando ofensivas no então partido de Bezerra. “Quando a gente faz um acordo, tem de cumprir a palavra. A coisa mais importante da política é a palavra. Eu já avisei o presidente, isso causou muito desconforto dentro da bancada”, afirmou Maia.

Ele ainda citou a participação dos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) na filiação do senador pernambucano ao PMDB, o que deixa uma “digital do governo” na iniciativa. “Não podemos ficar levando facada nas costas do PMDB, principalmente de ministros do Palácio e do presidente do partido [Romero Jucá]”, completou.

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Com isso, o presidente interino defende que seu partido esteja sendo tratado como “adversário” pelo governo , e que esse “tratamento” poderá se refletir na relação da bancada com o Planalto. “Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é um adversário. Quero que isso fique registrado, para que, quando a bancada do Democratas tiver uma posição divergente, o governo entenda”, afirmou Rodrigo Maia.

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