Amigo de Lula confirma atuação na compra de terreno, mas nega irregularidades

Acusado de negociar compra de área para o Instituto Lula, advogado Roberto Teixeira era último réu a ser ouvido em ação que apura propina da Odebrecht

Compadre de Lula, Roberto Teixeira estava inicialmente com depoimento marcado a semana passada em Curitiba
Foto: Roberto Stuckert Filho
Compadre de Lula, Roberto Teixeira estava inicialmente com depoimento marcado a semana passada em Curitiba

O advogado Roberto Teixeira, amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva , prestou depoimento nesta terça-feira (19) ao juiz federal Sérgio Moro. Acusado de participar da negociação para a compra de um terreno para instalação da sede do Instituto Lula, o advogado foi o último réu a ser ouvido no âmbito da ação penal da Lava Jato que apura pagamento de propina da Odebrecht ao ex-presidente.

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Teixeira relatou ao juiz da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal em Curitiba que possui grande experiência em direito imobiliário e garantiu que foi contratado regularmente para prestar serviços jurídicos relacionados à compra do terreno localizado na Vila Clementino, na zona sul de São Paulo. "Eu não tinha influência nenhuma sobre eventual imóvel para o Instituto Lula ", disse.

"A minha única preocupação enquanto advogado foi exigir que os cheques fossem administrativos. Minha atuação foi única e exclusivamente em exercício da advocacia. Eu não tive preocupação de quem seria DAG [Construtora, envolvida na compra] ou OR [Odebrecht Realizações Imobiliárias]."

Recentemente diagnosticado com problemas no coração, o advogado prestou depoimento por videoconferência, na sede da Justiça Federal em São Paulo. A audiência de Teixeira estava inicialmente prevista para ocorrer na última quarta-feira (13), mesmo dia em que Lula ficou frente a frente com o juiz Sérgio Moro .

Acusação

A força-tarefa de procuradores que atuam na Lava Jato narrou na denúncia oferecida à Justiça que o pecuarista José Carlos Bumlai afirmou em depoimento que "se lembra que Roberto Teixeira disse que ele deveria adquirir um terreno localizado nas proximidades das vias que levam ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo". 

Os investigadores também encontraram no e-mail do advogado uma "lista com os gastos finais da compra do imóvel" na Rua Dr. Haberbeck Brandão. A mensagem teria sido encaminhada ao ex-diretor da Odebrecht Paulo Melo, apontado como o responsável por convidar o empresário Demerval de Souza Gusmão Filho, dono da DAG Construtora, para participar do negócio como um 'laranja' da megaempreiteira.

"Não existe nenhuma dúvida de que o imóvel em apreço esteve destinado à instalação de espaço institucional de Luiz Inácio Lula da Silva", ressaltaram os procuradores do MPF.

O empresário Demerval de Souza Gusmão Filho, por sua vez, afirmou em depoimento a Moro que Roberto Teixeira "coordenou" as negociações para compra do terreno  para a construção de uma nova sede para o instituto do ex-presidente.

Demerval reconheceu ter pagado R$ 7,1 milhões pelo terreno a pedido da Odebrecht, que teria confirmado a ele que tratava-se de área destinada a Lula.  Demerval disse ainda que chegou a se reunir com Roberto Teixeira, que teria demonstrado "pressa para resolver a questão".