O juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro nesta quarta-feira (12), na ação que envolve a compra de um tríplex no Guarujá. Na sentença, que tem mais de 230 páginas, o juiz destacou que a “presente condenação não traz a este julgador qualquer satisfação pessoal, pelo contrário”.
Moro ainda escreve que é “lamentável que um ex-presidente seja condenado criminalmente”. "É de todo lamentável que um ex-Presidente da República seja condenado criminalmente, mas a causa disso são os crimes por ele praticados e a culpa não é da regular aplicação da lei. Revalece, enfim, o ditado "não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você" (uma adaptação livre de "be you never so high the law is above you").
O magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba determinou que Lula poderá recorrer da sentença em liberdade. O magistrado chegou a escrever em sua decisão que "caberia cogitar a decretação da prisão preventiva", mas a "prudência recomenda que se aguarde o julgamento", pois a prisão de um ex-presidente envolveria "certos traumas".
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Sérgio Moro apontou "relação espúria" entre Lula e a empreiteira OAS no esquema envolvendo a compra do apartamento 164-A do Condomínio Solaris e disse que os crimes investigados nesse episódio culminaram no repasse de R$ 16 milhões ao Partido dos Trabalhadores.
"O condenado recebeu vantagem indevida em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior. A responsabilidade de um presidente da República é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crimes. Isso sem olvidar que o crime se insere em um contexto mais amplo, de um esquema de corrupção sistêmica na Petrobras e de uma relação espúria entre ele o Grupo OAS", escreveu o magistrado na sentença.
O juiz federal também criticou a postura adotada pelo ex-presidente, alegando que Lula adotou "condutas inapropriadas" e "tentou intimidar a Justiça".
Veja a sentença completa aqui:
Não é a primeira vez
Esta não foi a primeira vez que o juiz falou sobrepossíveis "problemas pessoais" em relação ao petista. Há dois meses, na ocorrência de um depoimento do ex-presidente sobre o caso do tríplex, Moro negou ter qualquer problema pessoal com Lula e também negou que o petista poderia ser preso na audiência.