A esposa de Lúcio Funaro, Raquel Pitta, confirmou em depoimento prestado à Polícia Federal que o ex-ministro Geddel Vieira Lima a pressionou para tentar evitar que o lobista fechasse um acordo de delação premiada com a Justiça. A suspeita de que o ex-chefe da Secretaria de Governo teria tentado cercear eventuais delações de Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha foi o principal motivo que levou Geddel a ser preso, no início da semana passada .
Raquel Pitta disse ter recebido uma série de ligações de Geddel, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo
. Em audiência de custódia realizada na última quinta-feira, o ex-ministro confirmou ter telefonado para a esposa do operador de propinas de Eduardo Cunha
, mas Geddel afirmou que se confundiu ao discar o número da pediatra de seu filho.
"Se olharem as ligações que eu fiz, vai ver que tem duas ou três ligações que nem se completam. Se você olhar o meu celular, vai ver que embaixo da pessoa [Raquel] que eu cadastrei posteriormente, tem o nome da pediatra do meu filho que ficou internado praticamente naquele dia. Quando eu vi que era outra ligação, imediatamente eu cancelei", explicou Geddel ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF.
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O interrogatório de Raquel foi realizado a pedido do juiz federal, que exigiu a tomada do depoimento para voltar a analisar pedido de liberdade feito pela defesa do ex-ministro. O magistrado também pediu perícia da Polícia Federal no aparelho celular de Geddel, mas essa análise ainda não foi concluída.
Ex-articulador político do governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Os investigadores alegaram no pedido de prisão preventiva (que não tem prazo para soltura) que o ex-ministro contatou Raquel Pitta no período de maio a junho deste ano para se informar acerca das intenções de Funaro em fechar um acordo de colaboração premiada com a Justiça.
Funaro é réu de ação penal, ao lado dos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves e de mais dois, que apura eventuais repasses irregulares feitos pela Caixa Econômica Federal. Geddel também é investigado por suposto envolvimento no esquema, mas ele não é réu.
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Geddel chorou durante audiência de custódia; confira a íntegra: