O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes vai assumir a relatoria do inquérito que apura supostos atos criminosos do senador afastado Aécio Neves (PSDB) denunciados por ex-executivos da Odebrecht . O processo até então era relatado pelo ministro Edson Fachin, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Supremo.
A redistribuição do inquérito contra Aécio Neves atende a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que alegou não ver ligação direta entre os fatos narrados pelos delatores da construtora e os crimes ligados ao esquema na Petrobras. A medida de 'desafogar' os responsáveis pela Lava Jato já havia sido adotada no início da semana em investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT) e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, os ex-executivos da Odebrecht indicaram o pagamento de "vantagens indevidas" a Aécio e seus aliados durante a campanha para a eleição presidencial de 2014. O tucano é acusado pelos procuradores da Lava Jato de ter praticado os crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
O inquérito foi aberto no STF em abril deste ano por ocasião da chamada 'lista de Fachin', na qual Aécio foi alvo de cinco pedidos de investigação. O tucano foi citado nas delações feitas por Marcelo Bahia Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Sérgio Luiz Neves, Cláudio Melo Filho e Henrique Valladares.
Gilmar Mendes já é relator de outro inquérito contra Aécio no STF. O ministro é o responsável pelas decisões que norteiam as investigações sobre esquema de corrupção envolvendo o tucano e a estatal elétrica de Furnas.
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Conselho de Ética e Joesley Batista
Na noite dessa sexta-feira (23), o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto de Souza (PMDB-MA), decidiu negar a abertura de um processo por quebra de decoro contra Aécio . O pedido havia sido feito por parlamentares da Rede Sustentabilidade e do PSOL no mesmo dia em que foi deflagrada a Operação Patmus, na qual a irmã e o primo de Aécio foram presos em decorrência de denúncias do empresário Joesley Batista, do grupo JBS.
Joesley relatou aos procuradores da República que o tucano pediu R$ 2 milhões a ele para custear sua defesa em processos da Lava Jato. O valor, que seria pago em quatro parcelas de R$ 500 mil, foi entregue por intermédio do primo do senador, Frederico Pacheco de Medeiros, e por Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrela (PMDB). A irmã de Aécio, Andrea Neves, foi a primeira a fazer o pedido de ajuda financeira em nome do parlamentar, de acordo com a delação de Joesley.
A denúncia motivou pedido da prisão preventiva de Aécio Neves levado pela PGR ao Supremo. A Primeira Turma da Corte iniciou o julgamento do assunto na semana passada, mas não houve decisão devido a um recurso de última hora apresentado pela defesa do tucano.