A Polícia Federal concluiu nesta sexta-feira (23) a perícia sobre o áudio da conversa entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, um dos proprietários do grupo JBS. De acordo com informações publicadas pelo jornal “ Folha de S.Paulo ”, a corporação concluiu que os arquivos de som não possuem edições.
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Apesar de atestar a autenticidade do áudio, a perícia da Polícia Federal identificou mais de 180 interrupções “naturais” no arquivo entregue por Joesley entregue à PGR (Procuradoria-Geral da República) como parte de seu acordo de delação premiada, que foi homologado pelo ministro Edson Fachin. Nesta semana, o STF decidiu que a homologação, feita de maneira monocrática pelo magistrado, é válida.
Ainda segundo a reportagem da “ Folha ”, a perícia indica que o equipamento utilizado por Joesley para registrar as conversas possui um dispositivo que interrompe a gravação automaticamente em momentos de silêncio, reiniciando assim que identifica som no ambiente.
O relatório e o laudo pericial feitos pela PF deverão ser encaminhados ao STF na próxima segunda-feira (26). Após a conclusão do inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá apresentar denúncia contra o presidente. A expectativa é de que a acusação seja oferecida na semana que vem.
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Segundo o “ Jornal Nacional ”, da TV Globo, a defesa de Temer afirmou que só irá se manifestar depois que tiver acesso ao relatório.
Alvo da polêmica
No mês passado, o Supremo Tribunal Federal divulgou áudio do encontro de Joesley com Temer, ocorrido em março. Na gravação, os dois conversam sobre o cenário político, os avanços na economia e também citam a situação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso por envolvimento nas irregularidades apuradas pela força-tarefa da Operação Lava Jato.
O empresário descreveu esquemas de corrupção que envolvem tanto a esfera federal quanto estadual. Com base na delação, o ministro do STF Edson Fachin autorizou a abertura de inquérito para investigar denúncias que envolvem o presidente Temer.
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Em outro trecho da conversa, Temer orientou a Joesley que procurasse o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para que resolvesse uma pendência da J&F – holding que controla a JBS. Rocha Loures, que foi assessor de Temer na Vice-Presidência da República, foi preso pela Polícia Federal no início de junho, após ter sido flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil, que, segundo o empresário, era fruto de propina.