Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (19) e divulgado publicamente nesta terça-feira (20), a Polícia Federal diz que as evidências encontradas durante a investigação apontam "com vigor" que o presidente Michel Temer foi responsável pelo crime de corrupção passiva.
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De acordo com as informações divulgadas pela PF no relatório, Temer recebeu vantagens indevidas do grupo J&F. O intermédio dos pagamentos foi sido realizado pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
"Os elementos reunidos nos autos do Inquérito n° 4483 permitiram que fossem elaboradas conclusões acerca do fato ‘pagamento de vantagem indevida pelo Grupo J & F Investimentos S/A a Rodrigo Rocha Loures imediatamente e a Michel Miguel Elias Temer Lulia, Presidente da República, remotamente, em razão de interferência ou de suposta interferência no andamento de processo administrativo em trâmite na Conselho Administrativa de Defesa e Econômica (CADE)", afirma o relatório.
Ainda segundo a Polícia Federal, houve a tentativa de interrogar os envolvidos durante a investigação, mas ambos não responderam aos questionamentos feitos pelos investigadores.
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"Diante do silêncio do mandatário maior da nação e de seu ex-assessor especial, resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva", diz a Polícia Federal no documento.
Para a PF, é "recomendável" aguardar que a perícia na conversa gravada entre Temer e J osley Batista seja concluída. Só assim será possível informar as conclusões sobre uma suposta tentativa de embaraço a investigação.
Prazo estendido
A organização ainda pediu um prazo de mais cinco dias para conseguir prosseguir com as investigações relacionadas aos supostos pagamentos feitos ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Lúcio Bolonha Funaro, com a intenção de evitar que eles aceitassem um acordo de delação premiada.
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Além disso, o prazo também serve para a continuidade da investigação sobre a confissão de Josley a Temer, em que dizia corromper membros do Ministério Público e magistrados. Agora, o ministro Edson Fachin, relator do inquérito no STF, deve decidir se atenderá ao pedido da Polícia Federal para estender o prazo.