O Ministério Público Federal (MPF) afirmou que a empreiteira OAS pagou propina no valor de R$ 500 mil ao ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) por meio da conta de campanha do presidente Michel Temer (PMDB).
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Na ocasião, em 2014, Temer ainda era candidato a vice-presidente. Em sua conta, o dinheiro foi destinado ao diretório do PMDB do Rio Grande do Norte, em 11 de setembro daquele ano, conforme consta na prestação de contas enviada à Justiça Eleitoral por Henrique Alves , onde uma movimentação de R$ 500 mil, na mesma data, é declarada como doação da OAS.
Na última terça-feira (6), o ex-ministro foi preso em Natal, em uma operação relacionada à Lava Jato, na Operação Manaus, que investiga corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas.
De acordo com as investigações do MPF, Alves havia recebido propina de contratos superfaturados de empreiteiras. Entre elas, a construção da Arena das Dunas, feita pela OAS. O órgão também informa que uma conta do ex-ministro na Suíça foi fechada em março de 2015, mesmo período em que a Operação Lava Jato teve início no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Os procuradores afirmam que o saldo foi transferido para outras contas secretas, no Uruguai e Emirados Árabes. “Ele continua, pois, ocultando quantias ilícitas no exterior, incidindo em conduta criminosa permanente”, declara o MPF.
Histórico
Em 2014, Henrique Alves não foi eleito ao governo potiguar, e em 2015 deixou a Câmara para assumir o Ministério do Turismo, escolhido pela então presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). No entanto, por ser aliado de Temer, pouco antes do impeachment de Dilma, Alves deixou o posto, retornando quando o atual presidente assumiu o governo interino.
No entanto, em 2016, Henrique Alves deixou a pasta por ter se envolvido na Lava Jato. As suspeitas do MPF sobre o ex-ministro e sua ligação com o presidente Temer chamam atenção dos investigadores, por suas viagens à Brasília desde sua saída do cargo até abril deste ano. "Concretamente provável que o ora investigado se dirija a Brasília exatamente para com ele estabelecer articulações da mais diversa ordem”, afirma o Ministério.
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