O procurador da República do Distrito Federal Ivan Cláudio Marx abriu inquérito nesta segunda-feira (5) que irá investigar um suposto repasse de US$ 80 milhões do Grupo J&F para as campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT.
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As informações são do empresário da JBS Joesley Batista, em um desdobramento de sua delação premiada. De acordo com ele, a verba era enviada para uma conta no exterior, que foi aberta para este fim, e era de conhecimento de Lula e Dilma .
Desmembramento
De acordo com a assessoria do Ministério Público Federal, o processo foi desmembrado pelo ministro relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, após o entendimento de que o caso está relacionado com a Operação Bullish. Essa operação, que foi deflagrada em 12 de maio, investiga irregularidades em aportes bilionários do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) nas empresas do Grupo J&F.
Durante seu depoimento, Joesley afirmou que em 2009 a conta foi criada para receber doações relacionadas a Lula, e em 2014, para sua sucessora, Dilma. Segundo o empresário, pelo menos US$ 150 milhões passaram por lá.
Dessa quantia, de US$ 70 a US$ 80 foram repassados durante o governo Lula, e valores parecidos foram depositados no mandato de Dilma. No entanto, quando questionada sobre a diferença dos valores investigados e da delação, a assessoria do MPF confirma que o inquérito irá apurar apenas os US$ 80 milhões, sem dar mais informações.
Guido Mantega
Segundo o empresário da JBS, a indicação para utilizar uma conta para os repasses foi do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, também citado em outras delações como um dos principais arrecadadores do PT.
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Em depoimento, Joesley afirma que durante uma conversa com o ex-ministro da Fazenda, no final de 2010, Mantega garantiu que Lula e Dilma sabiam do esquema. Os dois ex-presidentes não possuem prerrogativa de foro privilegiado.
Ainda segundo Joesley, todo a verba destinada a Mantega em troca dos benefícios concedidos ao Grupo J&F estaria em contas no exterior, de 2009 a 2014.
Até o momento, as defesas dos petistas Lula e Dilma ainda não se pronunciaram sobre a abertura do inquérito.
MPF assina acordo de leniência com JBS
Também nesta segunda-feira, o MPF assinou acordo de leniência com o Grupo J&F no âmbito das operações Greenfield, Sepsis e Cui Bono - que são desdobramentos da Lava Jato – além da Carne Fraca, da Polícia Federal.
No entanto, o acordo ainda precisa ser homologado pela 5º Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público e pela 10º Vara da Justiça Federal, em Brasília.
Nesse tipo de negociação, as empresas ou pessoas envolvidas assumem a culpa por determinado crime em se propõem a colaborar com as investigações em troca de reduções penais. Entre as exigências acordadas, o MPF pede multa de R$ 10,3 bilhões e terá Joesley afastado da direção da empresa por cinco anos.
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