O ex-procurador Marcelo Miller – que atuava como braço-direito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, até março deste ano, e participava da Grupo de Trabalho da Lava Jato – passou a trabalhar no escritório de advocacia que negociou os termos da leniência do grupo JBS com a Procuradoria-Geral da República.
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De acordo com a Band News , Marcelo Miller trabalha agora no escritório Trench, Rossi & Watanabe Advogados, no Rio de Janeiro, que foi contratado pela JBS para negociar os detalhes da delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Da acusação à defesa
A decisão do ex-procurador de deixar o Ministério Público Federal veio ao público no dia 6 de março, véspera da conversa entre Joesley e o presidente da República, Michel Temer (PMDB), gravada pelo empresário e utilizada na delação.
Antes disso, Marcelo Miller era, segundo coluna do Estadão
, um dos mais duros procuradores do Grupo de Trabalho do Janot, um núcleo de procuradores especialistas em direito penal recrutado pelo procurador-geral em 2013 para atuar na Lava Jato.
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Ex-diplomata do Itamaraty e considerado um dos mais especializados membros do MPF em direito internacional e penal, Miller esteve à frente de delações como a do ex-diretor da Transpetro Sergio Machado e do ex-senador Delcídio do Amaral.
Em ambos os episódios, foram usadas gravações secretas. No caso de Delcídio, quem gravou foi Bernardo Cerveró, o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. E, na delação de Sergio Machado, vários expoentes do PMDB foram gravados sem que eles soubessem.
Há ainda informações de que Miller seja o criativo por trás de ideias que ajudaram a flagrar políticos agora acusados, como a colocação de chips em malas de dinheiro e a utilização de notas numeradas para facilitar o rastreamento da propina.
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Em contraponto, no último sábado, Janot emitiu uma nota afirmando que Marcelo Miller não participou do acordo de delação premiada de Joesley Batista
, Wesley e seus executivos.