Dono do grupo JSB, o empresário Joesley Batista, apontou em um dos anexos de sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), pedidos de pagamento de propina feitos pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), durante as campanhas eleitorais de 2010 e de 2012.
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As informações constam no Anexo 9 , intitulado "Fatos diretamente corroborados por elementos especiais de prova Michel Temer ". No documento, Joesley afirmou que conheceu Temer por meio do ex-ministro da Agricultura Wagner Ross, do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no primeiro semestre de 2010.
"JB [ Joesley Batista
] e Temer trocaram, então, telefones celulares e passaram a manter relacionamento por interesses comum", aponta trecho do anexo.
Na delação, o empresário ainda relatou ao menos 20 encontros com o peemedebista. "Ora nesse escritório [de Temer, em São Paulo], em seu escritório de advocacia, ora na sua residência, ora ainda no palácio do Jaburu".
Segundo o documento, em 2010, "atendendo a um primeiro pedido de Temer", um dos donos da JBS pagou "R$ 3 milhões em propinas", sendo R$ 1 milhão por meio de doação oficial e R$ 2 milhões para a empresa Pública Comunicações, com notas fiscais.
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Na ocasião, Temer disputou sua primeira eleição como candidato a vice-presidente na chapa liderada por Dilma Rousseff (PT). No mesmo ano, Joesley afirma ter feito o pagamento de R$ 240 mil à empresa Ilha Produções, também com registro em notas fiscais.
Temer nega as acusações
Mesmo com sabendo que a polêmica delação explodiria, Temer negou, em pronunciamento feito nesta quinta-feia (18), as acusações e afirmou que não irá renunciar à Presidência. "Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro", ressaltou o presidente.
Nesta sexta-feira (19), o STF liberou o conteúdo na íntegra das delações premiadas dos empresários da JBS , no âmbito da Lava Jato. As delações foram homologadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da operação, e contém cerca de duas mil páginas. As oitivas foram gravadas em vídeo.
Um dos principais pontos revelados pelas delações é a gravação de uma conversa entre Joesley e Temer, onde o presidente dá aval para o pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba, para mantê-lo em silêncio.
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A prova faz parte da investigação que foi aberta contra Michel Temer na Suprema Corte. No arquivo, também foram citados os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do cargo, e Zezé Perrella (PMDB-MG), além da ex-presidente Dilma e o ex-ministro Guido Mantega.
* Com informações da Agência Ansa