O advogado criminalista Marlus Arns, responsável pela defesa do ex-deputado Edurdo Cunha (PMDB)
em ação penal da Operação Lava Jato, anunciou nesta quinta-feira (18) que não trabalha mais para o ex-presidente da Câmara dos Deputados.
O anúncio surge no dia após a revelação de delação do empresário Joesley Batista , dono do grupo JBS, segundo o qual o presidente Michel Temer havia dado aval a um plano para "silenciar" Eduardo Cunha . O advogado Marlus Arns sempre negou a existência de negociações acerca de um eventual acordo de delação premiada envolvendo Cunha.
A defesa do ex-deputado no âmbito da ação penal na qual Cunha já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro agora será feita exclusivamente pelo escritório de advocacia Sánchez Rios. Os criminalistas também assumem a defesa do ex-deputado no âmbito de habeas corpus em tramitação no Supremo Tribunal Federal.
Os motivos para o rompimento entre o escritório Arns de Oliveira & Andreazza e Cunha não foram informados até o momento. O criminalista, no entanto, continuará atuando na defesa da jornalista Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, que também é ré em ação penal da Lava Jato.
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Entenda o caso envolvendo o presidente Michel Temer
De acordo com informações obtidas por Lauro Jardim, colunista do jornal "O Globo", os proprietários da JBS, Joesley e Wesley Batista, afirmaram em delação premiada que possuem uma gravação na qual Temer aprova o pagamento de uma "mesada" para calar o ex-deputado Eduardo Cunha e o operador de propinas Lúcio Funaro, ambos presos. Ao saber desta informação, o presidente teria solicitado que a prática não parasse: "Tem que manter isso".
No depoimento aos procuradores, Joesley revelou que a ordem da mesada na cadeia não partiu de Temer, mas que o presidente tinha total conhecimento de toda a operação.
Outra informação veiculada pelo jornal que atinge o presidente diretamente é a de que Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem de confiança de Temer e ex-assessor especial da Presidência, teria recebido R$ 500 mil de propina para cuidar de uma pendência da J&F, holding que controla a JBS. A pendência, no caso, seria a disputa entre a Petrobras e a J&F sobre o preço do gás fornecido pela estatal para a termelétrica EPE.
Ao ser indagado por Joesley sobre quem poderia ajudar a resolver esta situação a seu favor, Temer teria apenas respondido para falar "com o Rodrigo". A pendência foi resolvida mediante um pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, tempo que duraria o acordo com a EPE. Apenas a primeira parcela de R$ 500 mil foi paga, segundo a reportagem de Lauro Jardim.