O STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou no início da noite desta quinta-feira (18) os áudios da conversa entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, proprietário do frigorífico JBS.
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O áudio liberado pelo STF tem cerca de 39 minutos e contém a íntegra da conversa entre o Michel Temer e Joesley, que firmou acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Ouça o áudio:
Na gravação, aos 9 minutos e 32 segundos, Joesley diz ao presidente: “O que eu queria dizer é o seguinte: tamo (sic) junto. O que o senhor precisar de mim, viu? Me fala.” Em seguida, o empresário questiona: “Eu queria te ouvir um pouco, presidente. Como é que o senhor tá (sic) nessa situação toda aí?”.
Aos 10 minutos e 15 segundos, Joesley relata: “Eu, dentro do possível, fiz o máximo que deu ali, zerei tudo do que tinha de alguma pendência”. Pouco depois, aos 11’15”, o empresário diz: “O negócio dos vazamentos… o telefone lá do Eduardo com o Geddel. Volta e meia citavam alguma coisa meio tangenciando a nós, a não sei o que. Eu estou lá me defendendo”.
Um dos trechos mais polêmicos pode ser ouvido na faixa de 11’30”. Joesley fala ao presidente: “O que eu mais ou menos estou fazendo até agora? Eu estou de bem com o Eduardo…” e é interrompido por Temer, que diz: “Tem que manter isso, viu?”.
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Entenda o caso
Os proprietários da JBS, Joesley e Wesley Batista, apresentaram à PGR uma gravação na qual o Temer endossa o pagamento de uma "mesada" para calar o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e o operador de propinas Lúcio Funaro, ambos presos. Ao saber desta informação, o presidente teria solicitado que a prática não parasse: "Tem que manter isso".
No depoimento aos procuradores, Joesley revelou que a ordem da mesada na cadeia não partiu de Temer, mas que o presidente tinha total conhecimento de toda a operação.
Outra informação que atinge diretamente o presidente é a de que Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem de confiança de Temer e ex-assessor especial da Presidência, teria recebido R$ 500 mil de propina para cuidar de uma pendência da J&F, holding que controla a JBS. A pendência, no caso, seria a disputa entre a Petrobras e a J&F sobre o preço do gás fornecido pela estatal para a termelétrica EPE.
Ao ser indagado por Joesley sobre quem poderia ajudar a resolver esta situação a seu favor, Temer teria apenas respondido para falar "com o Rodrigo". A pendência foi resolvida mediante um pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, tempo que duraria o acordo com a EPE. Apenas a primeira parcela de R$ 500 mil teria sido paga.
O conteúdo das delações foi homologado pelo STF nesta quinta-feira.
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