Durante entrevista, presidente Michel Temer manifestou contrariedade ao fim do foro privilegiado
Marcos Corrêa/PR - 15.05.2017
Durante entrevista, presidente Michel Temer manifestou contrariedade ao fim do foro privilegiado

Em entrevista concedida nesta terça-feira (16) à “Rede Vida”, o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não se incomoda ao ser chamado de “golpista” por opositores. Ele voltou a dizer que o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi realizado dentro do que determina a Constituição Federal de 1988.

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“Você sabe que não irrita”, respondeu Michel Temer ao ser questionado pelo jornalista sobre sua reação ao ser chamado de golpista. “Eu fico estarrecido quando as pessoas chamam de golpista alguém que chega ao poder por determinação constitucional. Não foi por vontade minha, evidentemente, não é? Foi a Constituição que disse: ‘Olha aqui, se o presidente da República perder o cargo, ficar ausente, enfim, se afastar do cargo ou for eventualmente impedido, quem assume é o vice-presidente da República’”, afirmou.

Na avaliação do presidente, os opositores “ignoram inteiramente essa previsão constitucional” ao endossarem a tese de que ex-presidente Dilma sofreu um golpe de Estado. “Interessante, a única solução que eu teria é dizer: ‘Olha, eu me recuso a assumir’, não é? E daí seria um desastre para o País, porque a normalidade institucional demonstra que, se o presidente sai, o vice-presidente assume”, acrescentou.

Por fim, Temer afirmou que os opositores que lhe chamam de “golpistas” “são vozes isoladas”. “Mas eles não são isolados, eles tentam reunir uma porção de gente, mas é da oposição. Só que a oposição deveria ser feita nos termos constitucionais. Eles poderiam perfeitamente pegar eventuais falhas do governo, etc, e criticar para preparar o futuro. Mas eu não fico irritado, não. Eu sei como são essas coisas, senão eu não teria esses trinta e tantos anos de vida pública, não é?”.

Reforma da Previdência

O presidente voltou a defender a reforma da Previdência , que está em tramitação no Congresso. Entretanto, ele afirmou que esta não é a única medida sendo tomada pelo governo para equacionar as contas públicas.

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“Nós estamos trabalhando isso há muito tempo nas relações com os estados federados, nas relações com o Congresso Nacional, na adequação das contas públicas. Convenhamos, você não pode gastar mais do que aquilo que arrecada, não é? Seja no Estado ou seja na sua casa. E o que nós temos no Brasil é um deficit extraordinário. Você vê: no ano passado de 176 bilhões, neste ano 139 bilhões. Agora, quando nós propusemos cortar na própria carne, porque quando nós estabelecemos o teto dos gastos públicos, foi para que nós não gastássemos mais do que aquilo que podemos arrecadar”, explicou.

Lava Jato

Questionado sobre o andamento da Operação Lava Jato, Temer deu a entender que a Justiça “banalizou um pouco” a utilização de delações premiadas. “Eu não quero tirar a importância. Mas veja, só uma empresa aí, parece que tinha 77 delatores”, afirmou, referindo-se à empreiteira Odebrecht.

“São fatos repetitivos, eu não sei se estão melhor, também não quero fazer considerações sobre isso, sabe por quê? Porque hoje eu chefio o Poder Executivo e eu tomo muito cuidado na interferência, às vezes eu digo uma palavra qualquer, mas o presidente disse que a delação é ‘feijão com arroz’, qualquer coisa, eu não quero isso, quero deixar muito claro”, prosseguiu.

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Michel Temer também manifestou contrariedade ao fim do foro privilegiado. Na opinião dele, seria importante manter esse benefício pelo menos para os presidentes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. “Você imagina um ministro do Supremo Tribunal Federal sendo processado por um juiz de primeiro grau? Você percebe a inversão de valores? É uma coisa complicada. Você imagina um procurador da República sendo processado por um juiz de primeiro grau, tendo o parecer do promotor de primeiro grau. Você vê que é uma coisa estranha, não é verdade? Fica uma coisa esquisita”, finalizou.

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