O empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, entregou ao juiz federal Sérgio Moro registros de supostos encontros com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e com Paulo Okamotto, presidente do instituto que leva o nome do petista.
Os arquivos foram anexados pela defesa de Léo Pinheiro nessa segunda-feira (15) na ação penal da Lava Jato na qual ele, Lula , Okamotto e mais quatro são réus por suspeita de esquema envolvendo a compra e reforma do tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (SP).
Em um dos documentos entregues à 13ª Vara Federal de Curitiba, o empreiteiro revela anotações de sua agenda pessoal, na qual consta uma série de supostas reuniões com Paulo Okamotto na sede do Instituto Lula em São Paulo entre outubro de 2011 e abril de 2013.
Nesse mesmo período, segundo as anotações, Okamotto e Léo Pinheiro também tiveram encontros em outros endereços, como o Bar Tivoli e o hotel Renaissance, em São Paulo, e o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Também há na agenda digital do empreiteiro diversas supostas reuniões que teriam sido realizadas com o ex-tesoreiro do PT João Vacari Netto.
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"Trânsito horroroso" na volta de São Bernardo do Campo
Segundo a denúncia oferecida pela força-tarefa de procuradores da Lava Jato, Léo Pinheiro reservou para Lula o tríplex 164 do edifício Solaris , no Guarujá, em fevereiro de 2014. Naquele mês, o próprio empreiteiro teria ido de carro com Fábio Yonamine, então presidente da OAS Emprrendimentos, até a casa em que o líder petista morava com a ex-primeira-dama Marisa Letícia. De lá, o grupo foi visitar o apartamento no litoral sul paulista.
Às 19h45 do dia 22 de fevereiro de 2014, segundo consta nos documentos entregues à Justiça, Léo Pinheiro enviou mensagem à sua filha Rafaella Pinheiro Santos afimando que estava retornando de São Bernardo do Campo, cidade do ABC Paulista onde Lula mora. "Voltando de SBC. Trânsito horroroso no Ibirapuera", diz o empreiteiro.
Pouco tempo após a visita, no dia 28 de abril de 2014, Fábio Yonamine envia um e-mail para Léo Pinheiro avisando que foi feito um orçamento com a inclusão de um elevador no tríplex. "Fizemos um orçamento para a unidade que visitamos no Guarujá. Vai ficar em torno de R$ 370-400 mil. Se estiver de acordo, nossa equipe está pronta para a execução".
Quem responde ao e-mail é Antonio Carlos Mata Pires, que diz estar com Léo Pinheiro. "Pode avançar", avaliza.
Também foi anexado no processo um documento interno da OAS com a análise do orçamento de obras tocadas pela construtora em outubro de 2014. Em uma das tabelas expostas, aparece como "justificativa de desvios" no Edifício Solaris a realização de "obras civis no apartamento 164 – cobertura", o conhecido tríplex.
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