O juiz Marcos Josegrei, da Justiça Federal do Paraná, afirmou nesta sexta-feira (24) que a Operação Carne Fraca, na semana passada pela Polícia Federal, afirmou que as investigações envolvendo 21 frigoríficos brasileiros sempre tiveram como objetivo o esclarecimento de crimes contra a administração pública, e não a qualidade dos alimentos produzidos.
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“As investigações não têm como foco a qualidade dos alimentos produzidos e consumidos aqui, e sim a apuração de crimes contra administração pública, como corrupção e extorsão”, afirmou o juiz , em entrevista ao Jornal Nacional , da TV Globo . Os crimes teriam sido cometidos por funcionários das empresas envolvidas e do Ministério da Agricultura.
De acordo com o magistrado, um “grupo de pessoas” ligadas aos frigoríficos “para obter facilidade em um dos processos da certificação desses produtos de origem animal”. “As empresas muitas vezes se associavam a fiscais para romper barreiras burocráticas”, acrescentou Josegrei.
Por fim, o magistrado afirmou que, “com base na investigação, é impróprio dizer que o Brasil não tem condição de exportar ou consumir no mercado interno produtos de origem animal de boa qualidade.” Josegrei disse ainda que, futuramente, se houver comprovação de irregularidades na produção e no manuseio dos alimentos, as empresas irão responder por crime contra a saúde pública.
Indicação no ministério
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, reconheceu hoje que a indicação de Daniel Gonçalves Filho para o cargo de superintendente do Ministério da Agricultura , em 2007, partiu da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados. Daniel é apontado pelos investigadores da Polícia Federal como "líder do esquema" envolvendo frigoríficos e agentes fiscalizadores, que foi alvo da Operação Carne Fraca na semana passada.
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Serraglio afirmou que a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), então ministra da Agricultura, só manteria o superintendente no cargo se o nome de Daniel fosse apoiado por senadores do PMDB. "No caso, para o Paraná, ela exigiu a concordância do senador Roberto Requião , o que de fato ocorreu. Assim, Daniel foi ratificado", diz o ministro.
Liberdade
Na terça-feira (21), o juiz Marcos Josegrei concedeu a oito presos na Operação Carne Fraca o direito de responder às acusações em liberdade . Seis deles são funcionários do ministério. Na decisão, o magistrado considerou que não havia a necessidade de manter os servidores presos porque eles integravam o "escalão intermediário" da organização criminosa.