Parlamentares pedem audiência pública sobre resultados da Operação Carne Fraca

Objetivo é avaliar os impactos das investigações da Polícia Federal para o setor; oposição já fala em coletar assinaturas para a abertura de uma CPI

Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária defendem que não se pode 'demonizar' o setor após a operação
Foto: Divulgação/FPA
Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária defendem que não se pode 'demonizar' o setor após a operação

Deputados e senadores que integram a Frente Parlamentar da Agropecuária defendem a realização de uma audiência pública no Congresso Nacional para debater os desdobramentos da Operação Carne Fraca, que foi deflagrada pela PF (Polícia Federal) na última sexta-feira (17). Investigações comandadas pela corporação revelaram irregularidades no controle sanitário de carnes produzidas no País.

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O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da frente parlamentar, participou de reunião realizada no Palácio do Planalto durante o fim de semana para debater sobre os resultados da operação . O tucano admitiu a necessidade de punição aos responsáveis por irregularidades, porém, sem “demonizar” o setor.

Segundo Leitão, o Brasil tem 4.837 unidades de processamento animal, dos quais somente 21 foram citados nas investigações da PF. Dessas, diz o parlamentar, duas são fabricantes de embutidos de franco no Paraná, além de uma unidade da BRF que está fechada desde fevereiro e, portanto, proibida de exportar alimentos.

Ainda de acordo com o parlamentar, dos 11 mil servidores do Ministério da Agricultura , somente 33 foram envolvidos em suspeitas de desvio de condutas. “O Brasil exporta para 185 países. Nós representamos 40% da exportação de carne de aves para o mundo inteiro", lembrou o deputado, ao ressaltar a importância do mercado para a economia nacional.

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Por meio de nota à imprensa, a Frente Parlamentar da Agropecuária diz que é preciso debater sobre as investigações da PF com todos os representantes do segmento de carne e com a sociedade civil em geral. Dessas discussões, segundo o grupo, pode resultar um novo modelo de controle sanitário no País.

Oposição

Na Câmara, as lideranças do PT e do PSOL – ambos partidos de oposição ao governo Michel Temer – já defendem a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a produção de carne no Brasil.

O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), disse, em nota, que o Congresso deve contribuir com as investigações a fim de evitar danos à imagem do Brasil no exterior. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) também defendeu a coleta de assinaturas para uma CPI e argumentou que é preciso esclarecer a citação ao ministro da Justiça, Osmar Serraglio, nas investigações da Polícia Federal.

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Já o líder do PPS, deputado Arnaldo Jordy (PA), garantiu que irá acompanhar os desdobramentos da operação, mas também não descarta a criação de uma CPI sobre o caso. Jordy foi membro da CPI do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que funcionou até fevereiro de 2016 na Câmara, e também foi autor de um pedido de convocação para ouvir os executivos do grupo frigorífico JBS/Friboi no colegiado sobre suposto favorecimento das empresas na concessão de empréstimos pelo BNDES.


* Com informações da Agência Câmara