O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, enviou ofício à 13ª Vara Federal de Curitiba pedindo que o juiz Sérgio Moro repasse documentos da Lava Jato que possam ter relação com a ação contra a chapa que elegeu Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer
, à Presidência da República em 2014.
Em despacho publicado nesta terça-feira (7), o relator do processo que apura suposto abuso de poder político e econômico na campanha de Dilma e Temer pede ao juiz da Lava Jato o "compartilhamento de provas documentais ou outras que, entre as ações criminais em curso perante aquela jurisdição, digam respeito à Ação de Investigação Judicial Eleitoral".
No mesmo sentido, o ministro do TSE expediu um segundo ofício solicitando que os delatores da Odebrecht ouvidos pela Justiça Eleitoral entreguem documentos que corroborem com as informações prestadas em seus depoimentos.
O TSE já ouviu até o momento os ex-executivos Marcelo Bahia Odebrecht, Benedito Barbosa da Silva Júnior, Fernando Reis, Cláudio Melo Filho, Alexandrino de Salles Ramos Alencar e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho.
Ainda serão ouvidos o ex-executivo da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares e o empresário Beckembauer Rivelino de Alencar Braga, dono de uma das gráficas que prestaram serviço à campanha que reelegeu Dilma.
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Acareação
Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, o ministro Herman Benjamin marcou para sexta-feira (10) uma acareação entre os delatores Marcelo Bahia Odebrecht (ex-presidente e herdeiro da maior construtora do País), Cláudio Melo Filho (homem de confiança de Marcelo e ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira) e Hilberto Mascarenhas (ex-diretor do Departamento de Obras Estruturadas da empresa, conhecido como “departamento da propina”).
O objetivo do corregedor-geral do TSE em colocar os ex-executivos frente a frente é eliminar informações conflitantes dos depoimentos prestados até agora.
Um desses pontos controversos diz respeito a jantar entre Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho e Michel Temer, no Palácio do Jaburu, em 2014.
Segundo reportado pelo jornal O Estado de S. Paulo , Melo Filho disse à Justiça Eleitoral que o então presidente nacional do PMDB participou das tratativas acerca de valores a serem doados pela empreiteira. Já Marcelo Odebrecht diz que Michel Temer não estava presente no momento em que esse assunto foi tratado – segundo ele, com o hoje ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em nota divulgada pela Presidência da República no fim do mês passado, Temer confirmou a participação no jantar e o pedido de "auxílio formal e oficial à Construtora Norberto Odebrecht". O presidente, no entanto, nega a negociação de caixa dois. "[Temer] não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral. A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. É essa a única e exclusiva participação do presidente no episódio", defende a nota.
A ação contra a chapa que elegeu Dilma e Temer é movida pelo PSDB e pela Coligação Muda Brasil. O processo pode tornar a petista inelegível e cassar o mandato de Michel Temer na Presidência da República.
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