Ao menos 86 integrantes de dez diferentes partidos políticos já apareceram na lista de alvos da Lava Jato
ou de operações surgidas a partir das investigações sobre o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras.
Apesar do grande número de políticos implicados na operação, internamente os partidos que abrigam esses nomes têm relevado as acusações – e muitas vezes até mesmo condenações – por crimes relacionados ao petrolão.
Levantamento realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (26) mostra que, entre PMDB, PT, PSDB, PSB, DEM, PP, Solidariedade, PSC, PTB e PTC, apenas o Partido dos Trabalhadores chegou a abrir processo para expulsar um integrante investigado na Lava Jato . Ainda assim, o alvo dessa investigação interna do PT era o ex-senador Delcídio do Amaral, que rompeu com a cúpula petista e decidiu ele mesmo deixar a legenda. Outros nomes importantes do partido que foram presos na operação, como os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, continuam nos quadros de filiados da legenda até agora sem qualquer repreensão.
No PMDB, integrantes como o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral – ambos presos –, também não se tornaram alvos de qualquer tipo de sindicância interna na legenda.
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), disse em entrevista ao Estadão que até o momento "não houve motivação" para punir qualquer filiado ao partido.
LEIA TAMBÉM: Lava Jato: operadores do PMDB chegam ao Brasil e vão para carceragem da PF
Rebeldia x corrupção
Se acusações de participação em crimes não rendem punição interna nos partidos, o mesmo não se pode dizer para quando filiados não seguem orientações de suas legendas.
No PR, por exemplo, os deputados Clarissa Garotinho (RJ), Zenaide Maia (RN) e Silas Freire (PR) foram punidos internamente por terem votado contra a PEC 241, projeto da gestão Temer que cria um teto para os investimentos do governo pelos próximos 20 anos. A orientação do PR, partido da base aliada de Temer, era para que seus parlamentares ajudassem a aprovar a medida.
O mesmo PR, por outro lado, não sinalizou qualquer tipo de repreensão aos caciques Valdemar Costa Neto e Antony Garotinho. O primeiro foi condenado a sete anos e dez meses de prisão no julgamento do mensalão, em 2012. Já o segundo foi preso em novembro após ter o nome envolvido em suposto esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes.