O pai de Rafaela Drumond, Divino Drumond, relatou hoje, durante uma sessão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que foi alvo de pressão por parte de policiais para obter informações sobre a morte de sua filha.
Segundo Divino, a morte de Rafaela foi resultado de "pressão e assédio moral dentro da corporação", apesar de ter sido inicialmente registrada como suicídio. Ele relatou que estava na funerária tentando cuidar das coisas da minha filha, quando o escrivão ligou dizendo: 'o delegado de Carandaí quer falar com você'.
"Foi uma pressão enorme, e não era o momento para isso.", lamentou o pai de Rafaela.
A Chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, delegada-geral Letícia Gamboge, e o Corregedor-Geral, delegado-geral Reinaldo Felício Lima, também participaram de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir as circunstâncias em torno da morte da policial civil Rafaela Drumond.
Em nota , a Polícia Civil de Minas Gerais informou que informações sobre o caso serão divulgadas apenas após a conclusão do inquérito. A Polícia Civil esclareceu que as investigações estão em andamento na Corregedoria-Geral da instituição e que mais informações serão fornecidas ao final do inquérito policial.
O pai da jovem disse também que enquanto se despedia da filha na porta do funeral, procurado pelo delegado da delegacia de Carandaí, "delegado Itamar" e pelo "inspetor Celso", acrescentando:
"Os policiais ficaram em cima de mim, fazendo pressão, querendo saber se eu sabia de alguma coisa. Eu não sabia de nada que minha filha passou. Durante a noite, continuou esse assédio em cima de mim."
De acordo com Divino, Rafaela reclamava do convívio com os 'colegas' e havia solicitado a transferência para outra delegacia, mas seu pedido foi ignorado por um delegado. O pai da jovem pediu publicamente que sejam investigadas as conversas no celular de Rafaela.
Recentemente, o delegado Itamar Cláudio Netto e o investigador Celso Trindade de Andrade foram afastados da delegacia.
Rafaela apresentou uma série de denúncias de assédio moral, assédio sexual, pressão psicológica e sobrecarga de trabalho ao Sindep-MG
Dias antes de sua morte, Rafaela apresentou uma série de denúncias de assédio moral, assédio sexual, pressão psicológica e sobrecarga de trabalho ao Sindep-MG (Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais), que confirmou ter recebido as denúncias, mantendo o conteúdo em sigilo.
Além das denúncias, áudios nos quais a vítima detalha episódios de perseguição dentro da instituição foram divulgados nas redes sociais, resultando na abertura de um inquérito para investigação do caso.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ouvir um homem se referindo a Rafaela como "piranha", enquanto a escrivã afirma que irá denunciar o caso. Ela declara que não irá "esquecer" do insulto, e o homem rebate: "De tudo que eu falei, ela está preocupada com piranha. É uma mente muito fraca".
Atenção para o Centro de Valorização da Vida
Caso você esteja passando por pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) em sua cidade. O CVV está disponível 24 horas por dia (incluindo feriados) através do telefone 188, além de atender por e-mail, chat e pessoalmente. Existem mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.