Madrasta 'riu' ao servir feijão envenenado ao enteado, diz testemunha
Adolescente está internado após almoço em família; irmã morreu depois de passar mal
Presente no almoço de domingo no qual Cíntia Mariano Dias Cabral teria envenenado o enteado de 16 anos , uma filha da mulher contou à 33ª DP (Realengo), que investiga o caso, que a mãe "ficou rindo" enquanto colocava mais feijão no prato do estudante. De acordo com o depoimento de outro filho de Cíntia, que também estava no local, ela admitiu que foi justamente nesse alimento que colocou "chumbinho", com o intuito de matar o rapaz.
A filha de Cíntia afirmou aos agentes que o jovem chegou a estranhar o sabor da refeição, como se estivesse "comendo com nojo". A jovem relatou que viu no prato do enteado da mãe "um líquido esverdeado escuro e brilhoso", mas que "na hora não viu relevância nenhuma por acreditar ser tempero da comida".
Na casa de Cíntia, os agentes apreenderam, na cozinha, um frasco contendo veneno antipulgas . Também foram recolhidos, na lata de lixo, restos do feijão contaminado que teria sido servido por Cíntia ao enteado.
Ao ser perguntada pelos policiais sobre a reação da mãe ao perceber que o enteado estava "separando a comida", ela respondeu que "todos ficaram zoando". E que Cíntia, em seguida, "colocou mais feijão no prato" do rapaz. Ela também informou que ninguém além do jovem teve qualquer desconforto depois do almoço.
O estudante começou a passar mal cerca de uma hora após a refeição, já depois de ser deixado na casa da mãe, a empresária Jane Carvalho Cabral. Ele deu entrada no Hospital Municipal Albert Schweitzer com tonteira, língua enrolada, babando e com coloração da pele branca — sintomas similares aos apresentados pela irmã dele, Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, ao chegar à mesma unidade de saúde dois meses antes, também depois de fazer uma refeição na residência paterna.
Fernanda, porém, não teve a mesma sorte do irmão, que vem se recuperando bem da ingestão do veneno, e acabou morrendo após passar quase duas semanas internada. Inicialmente, o óbito foi tratado como tendo ocorrido por causas naturais, mas o episódio semelhante recente despertou suspeitas.
"Ela visitou a minha filha no hospital todos os dias, como se nada tivesse acontecido. E me abraçou no enterro, embora não parecesse comovida. Mas, até então, eu pensava apenas que era o jeito dela", conta Jane.
Sobre a morte de Fernanda, a filha de Cíntia contou que ela "passou mal após fazer um lanche" e que ela "não comia a mesma comida que todos na casa, pois fazia dieta". Pouco depois, a jovem, que estava deitada no colo do pai assistindo televisão, começou a passar muito mal, dizendo que "nunca havia sentindo aquilo".
Foi a própria testemunha que tentou vestir Fernanda antes que ela fosse levada ao hospital, momento em que relata ter sentido que "as pernas dela estavam muito pesadas". Ao descer a escada, ela notou que a jovem "estava com a língua enrolando e babando muito".