Preso por arrastar idosa já foi condenado por assassinato de médico
Alex Sandro Francisco da Silva Júnior foi posto em liberdade no ano passado, após três anos de reclusão
Era noite de 8 de janeiro, uma sexta-feira de 2016. O médico Helder Dias da Costa Tomé Júnior, de 35 anos, tinha acabado de sair do plantão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bangu, na Zona Oeste, e seguia para casa quando foi abordado por dois jovens armados em uma motocicleta na esquina das rua Samoa com a Coronel Vieira, em Irajá, na Zona Norte. Foi quando a dupla aproveitou que Helder estava em baixa velocidade para passar em um quebra-molas e anunciou o assalto. Por mais que tenha entregue o veículo, Helder foi alvejado com um tiro no peito e morreu na hora.
Pilotando a moto estava Alex Sandro Francisco da Silva Júnior, então com 16 anos. Depois de cumprir três anos pelo fato análogo ao latrocínio, o rapaz foi liberado no ano passado. Ele é um dos presos por participar da tentativa de assalto que culminou no crime contra a aposentada Eci Coutinho Bella, de 72, por mais de 400 metros, na Pavuna, também na Zona Norte .
De perfil violento, segundo os investigadores da 39ª DP (Pavuna), o acusado tem a prática de roubos de carros com arma de fogo. Na delegacia, aos investigadores, Alex Sandro confessou que era o piloto da moto que levou o garupa Júlio Cézar Ramos Bernardo, preso na véspera. Ambos, que estão na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica. A audiência de custódia deve acontecer ainda neste sábado.
Segundo o responsável pelo caso, o delegado Tiago Dorigo, Alex Sandro disse não ter visto a idosa sendo arrastada pelo carro .
"O Júlio Cezar confessou que viu a dona Eci pendurada, já que ele conduzia o veículo. Ele tinha plena ciência de que ela estava sendo arrastada. Já o Alex Sandro falou que não viu, porque ao assumir a direção da motocicleta, ele voltou na contramão e segundo ele, não viu a idosa sendo arrastada", destacou o delegado, afirmando que o crime foi cometido apenas pelos dois criminosos. "O caso está elucidado e em 30 dias concluiremos o inquérito."
Ambos responderão por tentativa de latrocínio.
De acordo com o delegado, os dois presos se arrependeram do crime e não imaginavam a repercussão da situação.
"Eles não imaginavam que o caso teria essa repercussão. Eles se disseram arrependidos e confessaram suas participações no caso. Tão logo ele foi preso, confessou o crime aqui na delegacia, em detalhes", disse Dorigo, destacando o histórico violento do acusado. "Quando ele era adolescente, ele foi apreendido por prática infracional análoga a latrocínio (roubo seguido de morte). Ele e outros criminosos mataram um médico para tentarem roubar o veículo dele, em Irajá, no ano de 2016."
Fé renovada
Na sexta-feira, após seis dias internada, dona Eci deixou o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Antes de ir para casa, a aposentada passou na 39ª DP (Pavuna), delegacia que investigou e em menos de cinco dias prendeu os dois criminosos que cometeram o crime. Na sede da distrital, ela cobrou justiça.
"Sabe como é, se deixar pra lá a justiça não avança. Eles mereciam ser presos", pontuou a mulher, que sugeriu que os acusados “procurem Deus”. "Eu diria pra eles procurarem Deus. Não desejo o que aconteceu comigo para eles, não. Que eles procurem Deus", disse a aposentada, que teve a fé renovada. "Clamei muito, e ele me ajudou muito."