Pai baleado pelo filho deve continuar sem mover as pernas, diz médico
Paciente saiu da área vermelha do Hospital de Trauma em Campina Grande e encontra-se na enfermaria, ainda sem conseguir movimentar ou sentir as pernas
O policial militar reformado de 56 anos que foi baleado pelo filho mais velho, de 13 anos, dentro de casa no último sábado, em Patos (PB), "muito provavelmente" continuará sem mover as pernas, segundo seu boletim médico desta quinta-feira.
O paciente saiu da área vermelha do Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, e encontra-se na enfermaria, sem previsão de alta. Sua condição é estável, segundo a assessoria de imprensa da unidade de saúde.
O médico Elvis Lievert informou, por meio de um vídeo enviado ao GLOBO, que o paciente continua sem mover ou sentir as pernas e que, embora seja cedo para saber se ficará com sequelas do fragmento de bala que o atingiu na coluna, é muito provável que ele fique paraplégico.
"O paciente ainda permanece sem resposta motora e sensitiva, quer dizer, sem mexer as pernas e sem senti-las. Permanece estável hemoneticamente, sem qualquer alteração do aspecto clínico, mas permanece sem o movimento dos membros inferiores", afirmou.
"O ideal é que a gente espere ao longo do tempo para poder afirmar um diagnóstico com certeza, mas muito provavelmente ele não retorne a movimentar os membros. A lesão ainda está em fase de progressão. É preciso estabelecer até onde vai essa lesão e também as sequelas que serão deixadas", completou Lievert.
Atingido no tórax, o pai do adolescente — que também matou a mãe e o irmão mais novo, de 7 anos — foi levado em estado grave para a unidade no fim de semana, onde é observado pela equipe neurológica.
Como o episódio aconteceu
O delegado Renato Leite afirmou que o pai do estudante tinha feito uma saída rápida, na tarde de sábado, para comprar um remédio para a mãe, que estava com dor de dente e, naquele momento, dormia no quarto do casal. Antes disso, porém, pegou o celular do filho por causa do mau desempenho escolar. O jovem então pegou a arma de fogo, que estava "bem guardada" em um "armário de ferro fechado" no escritório do pai, conforme descreveu o delegado.
"A mãe aguardava no quarto, deitada, dormindo. Ele chegou, encostou a arma na cabeça dela e efetuou um disparo contra a mãe", relatou Leite à "TV Sol".
O barulho do tiro assustou o irmão mais novo, que estava em seu próprio quarto. O delegado disse que a criança começou a brigar com o adolescente quando percebeu o que tinha acontecido. O autor então chegou a correr atrás do menino para atirar nele também. Durante essa situação, o pai chegou à casa.
"O pai chegou, tentou intervir, que ele soltasse a arma, e ele terminou efetuando um disparo contra o pai, que caiu na sala", continuou o delegado. "O irmão, ao ver o pai caído, foi tentar socorrer o pai, o abraçou, foi quando ele (o adolescente) atirou no irmão pelas costas. Depois, friamente, ele guardou a arma onde estava, chamou o Samu e tentou fazer (parecer) que tinha sido um assalto, que (ladrões) tinham entrado e praticado um assalto. Mas depois de todas as diligências que fizemos, a gente conseguiu elucidar esse caso. A arma foi apreendida, foi encaminhada pra perícia. O menor aguarda num local adequado, por ser menor, a manifestação judicial e do Ministério Público."
O adolescente disse que o pai já havia mostrado a arma para ele, por curiosidade, mas negou que a tenha usado em outro momento.
"O adolescente de 13 anos alegou que a motivação pra ele ter cometido o que ele cometeu foi porque os pais estavam privando ele de jogar um jogo. O jogo que ele estava jogando era "Roblox". A motivação, que ele alegou ter sido a gota d'água hoje, para que ele pegasse a arma do pai, que o pai era policial militar, e resolvesse atirar contra a mãe dele, atirar contra o pai e depois contra o irmão mais novo, foi justamente por isso", afirma Renato Leite.
"Ele alegou que era pressionado para tirar boas notas na escola", afirmou o delegado, com base no depoimento do autor dos disparos. "Eu percebi que ele, quando soube que o pai ainda estava vivo, se assustou. Acho que ele estaria mais satisfeito se todos os três tivessem falecido."
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