Polícia Federal prende chefe de gabinete do governador do Acre
Corporação alega que houve interferência em investigação; prisão preventiva foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira (22) a segunda fase da Operação Ptolomeu que investiga corrupção e lavagem de dinheiro por membros do governo do Acre. Durante a nova etapa da investigação, a PF prendeu o chefe de gabinete do governador do estado, Gladson Cameli (Progressistas), por suspeita crime de obstrução de investigação.
A primeira fase da operação foi anunciada na última quinta-feira. Desde então, a polícia identificou uma cumplicidade entre servidores públicos para prejudicar a operação da PF. Segundo a polícia, foram identificados diversos atos direcionados a obstrução da investigação, “na tentativa de destruição de provas essenciais para a continuidade das apurações”.
Diante disso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou a prisão preventiva da chefe de gabinete do governador do estado e a imediata instauração de novo inquérito policial para a apuração do crime de obstrução de investigação de organização criminosa.
Além disso, os policiais cumprem nesta quarta-feira cinco mandados de busca e apreensão em endereços relacionados aos envolvidos no embaraço às investigações, em Rio Branco.
Primeira Fase
A primeira fase da Operação Ptolomeu aconteceu com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo nota da PF, a investigação tramita no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) “identificou um grupo criminoso, controlado por empresários e agentes políticos ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos”.
Essa etapa da investigação contou com 150 policiais federais e 10 auditores da CGU. Além disso, foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão nas cidades de Rio Branco (AC), Cruzeiro do Sul (AC), Manaus (AM) e Brasília (DF).
“O Superior Tribunal de Justiça decretou inúmeras medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais: o afastamento da função pública, a proibição de acesso a órgãos públicos e o impedimento de contato entre os investigados. Somando-se a isso, o STJ determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de veículos de luxo adquiridos com o proveito dos crimes”, informou nota da PF.
A CGU também apurou que as empresas envolvidas possuem um grande volume de contratos com o poder público. “O valor total empenhado para sete empresas foi de 142 milhões de reais durante o período analisado, sendo 17 milhões oriundos de convênios federais e repasses do SUS e do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
Ademais, foi possível constatar que os valores movimentados pelos envolvidos ultrapassam R$ 800 milhões, montante totalmente incompatível com o patrimônio e a atividade empresarial dos investigados”, apresentou nota da polícia.