Governo sabia da ineficácia da imunidade de rebanho desde julho de 2020
Documentos enviados ao Itamaraty alertam para a necessidade de prover quantidade suficiente de doses de vacinas para "quebrar cadeia de transmissão
O Planalto sabia que a "imunidade de rebanho" não era eficaz para proteger a população do novo coronavírus (Sars-Cov-2) desde julho de 2020. É o que mostram documentos enviados por embaixadores ao Itamaraty que citam uma manifestação da Organização da Saúde que orienta os países a prover "quantidade suficiente de pessoas para quebrar a cadeia de transmissão”. As informações são do Poder 360.
O material foi obtido pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) depois de requerimentos aos Ministérios das Relações Exteriores e da Saúde. O comandante do Itamaraty, à época, era Ernesto Araújo; na Saúde, estava Eduardo Pazuello— ainda de forma interina. Os documentos foram enviados à CPI da Covid.
“Swaminathan ao notar o impacto significativo da covid-19 ao redor do mundo, tanto na saúde quanto na economia, apontou também que estudos recentes indicariam que apenas proporção pequena da população teria desenvolvido anticorpos protetores para a enfermidade”, diz a embaixadora do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevedo, que descreve uma apresentação feita pela cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan
A cientista diz, ainda, que a “nesse cenário, a melhor solução para criar imunização contra a pandemia seria vacina quantidade suficiente de pessoas para quebrar a cadeia de transmissão”.
No final do comunicado, há um pedido para que a informação seja compartilhada com os ministérios da Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovações, e à Casa Civil.