Saiba quem é Ecko, miliciano mais procurado do Estado do Rio de Janeiro
Wellington da Silva Braga, de 34 anos, expandiu sua área de atuação da Zona Oeste para a Baixada Fluminense
Por Agência O Globo |
O miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko , de 34 anos, é um dos criminosos mais procurados do Estado do Rio , no caminho da polícia há mais de uma década. Ele começou a atuar na Zona Oeste do Rio e hoje já explora moradores e comerciantes na Baixada Fluminense. Ecko tem a segunda maior recompensa oferecida pelo Disque-Denúncia: R$ 10 mil. É conhecido por controlar com mão de ferro a maior milícia do Rio e mantém uma longa lista de mandados contra si em aberto, incluindo homicídio. É acusado de ter emprestado armas e homens para a guerra contra o tráfico na Praça Seca, na Zona Oeste, bairro que há anos sofre com tiroteios quase que diários.
A entrada de Ecko na chefia da organização criminosa foi um "negócio de família". O comando ficou vago após a morte de seu irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em abril de 2017, durante um confronto com a polícia. Três Pontes — que ganhou a alcunha ao ter um ponto de drogas na região com esse nome — deixou o tráfico para montar um modelo de extorsões, amplamente replicado em áreas dominadas pela milícia com cobrança de taxas a comerciantes e moradores.
A morte do irmão o motivou a trocar a ocupação de servente de pedreiro pelo de chefe do grupo que se expandiu, e, hoje, domina comunidades do Rio diretamente ou por meio de seus aliados. Segundo o Portal dos Procurados, investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) apontam que uma de suas estratégias é a de manter aliança com uma facção criminosa no estado, além de admitir ex-traficantes em seu grupo e permitir o tráfico de drogas em territórios os quais mantém controle ao ganhar uma parte dos lucros.
Em sua ficha, ainda constam os crimes de organização criminosa, extorsão, posse ou porte ilegal de arma, associação criminosa e ocultação de bens. O valor da recompensa por informações de seu paradeiro é de R$ 10 mil, através do Disque-Denúncia (21 2253-1177) e do Portal dos Procurados (21 98849-6099; WhatsApp e Telegram).
Um dos homicídios pelo qual o miliciano é investigado diz respeito ao assassinato do agenciador de garotas e garotos de programa Lucas Pinho Ramos, de 24 anos. O crime ocorreu em julho deste ano, em Santa Cruz, e teria sido motivado após o rapaz revelar que Ecko e ele teriam se relacionado sexualmente num sítio um mês antes. Lucas teria contado para traficantes durante uma festa no Complexo de Alemão. Ele foi executado ao deixar uma festa organizada pelo grupo de Ecko
. O carro em que ele estava, acompanhado por três garotas de programa e um motorista, foi interceptado por homens armados e encapuzados. O episódio foi visto pela polícia como uma simulação de assalto para camuflar a intenção de execução.
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A atuação de Ecko tem se ramificado pelo Rio, através de ligações com outros milicianos, transformados em homens de confiança. Um deles é Danilo Dias Lima, o Tandera, à frente de um dos grupos paramilitares que agem na Baixada Fluminense. O bando de Ecko se expandiu para outros municípios, para além da capital do Rio, na Região Metropolitana, como Itaguaí.
Em agosto, Juan Carlos de Lima Camillo, conhecido como Magneto, foi preso em Barra da Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, bairro onde estava começando a fazer extorsões
. Ele estava foragido da Justiça e tinha dois mandados de prisão em aberto por constituição de organização criminosa. Magneto é apontado como um dos integrantes da quadrilha de Ecko.
A maneira ilícita de ter lucros e mostrar controle onde o bando atua são variadas. De serviços básicos, como a venda de botijões de gás, a cobrança indevidas de taxas por uma falsa sensação de segurança servem para o enriquecimento dos grupos criminosos . As ramificações cercam o dia a dia de moradores das localidades sob esse controle.
Neste mês, uma empresa provedora de internet explorada pela organização criminosa de Ecko foi desarticulada na Zona Oeste do Rio. Para atender aos cerca de 110 mil assinantes de Itaguaí, Santa Cruz e Sepetiba, era preciso pagar R$ 300 mil mensalmente à milícia da região a partir do faturamento estimado em quase R$ 6,5 milhões por mês a partir de pacotes que variavam de R$ 50 a R$ 150. A Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) ainda investiga se os moradores eram coagidos a aderir ao serviço.
Ecko seria um dos participantes da reunião realizada na região conhecida como Km 32, em Nova Iguaçu, na noite desta quarta-feira. O episódio culminou num confronto direto com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que integram a força-tarefa da Polícia Civil. Cinco suspeitos morreram e foram apreendidos armamentos, colete balístico, fardas militares e veículos.