Crime chocante: Réus por matar homem amarrado a poste há 5 anos serão julgados

Vítima foi assassinada, aos 29 anos, com golpes de uma garrafa de quebrada depois de tentar roubar um bar em São Luís, no Maranhão, em 2015

Homem de 29 anos foi morto preso a um poste após ter assaltado um bar em São Luis
Foto: Biné Moraes / Agência O Globo
Homem de 29 anos foi morto preso a um poste após ter assaltado um bar em São Luis

A denúncia do promotor Agamenon Batista de Almeida Júnior descreve qual teria sido a participação de cada um dos nove acusados por um crime que chocou o Brasil há cinco anos e só agora será julgado: o assassinato de Cleidenilson Pereira da Silva, ocorrido em julho de 2015.

A vítima foi assassinada, aos 29 anos, depois de tentar roubar um bar em São Luís, capital do Maranhão. Durante o linchamento, ele chegou a ser amarrado a um poste e recebeu golpes proferidos com uma garrafa de vidro quebrada.

Os réus respondem por homicídio duplamente qualificado — por meio cruel e sem chance de defesa — e pela tentativa de homicídio contra o menor de 17 anos que acompanhava o assaltante. A pena, em caso de condenação máxima, pode chegar a 30 anos de prisão.

De acordo com a denúncia, os réus Alex Ferreira Silva Souza, 41 anos, mecânico, e Cícero Carneiro Meireles Filho, o Junior, 45 anos, motorista, participaram efetivamente das agressões “com socos, chutes e pauladas”, mesmo após Cleidenilson estar amarrado ao poste.

Élio Ribeiro Soares, 55 anos, motorista, era um dos três clientes que estavam no bar no momento em que o assalto foi anunciado e é apontado como “um dos mais violentos” durante o linchamento. Segundo a denúncia , ele perfurou o rosto de Cleidenilson com um gargalo de garrafa . Felipe Dias Diniz, 24 anos, motorista, era o único dos réus que não morava na região e foi o último identificado pela polícia, a partir do pedaço de placa de uma moto.

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Ele também é acusado de ter participado das agressões com socos, chutes e pauladas. Ismael Jesus Pereira de Barros, 36 anos, auxiliar de topografia, e Marcos Teixeira de Barros, o Marquinhos, 19 anos, profissão indefinida, teriam amarrado o adolescente com um fio de telefone. Mesmo detido, o menor continuou sendo espancado por outros réus e precisou fingir-se de morto para escapar.

Ivan Santos Figueiredo, 35 anos, projetista civil, filho do dono do bar, é acusado de amarrar Cleidenilson ao poste com o auxílio de Élio, além de agredir as vítimas com socos e pontapés e ameaçar uma testemunha que tentou intervir. Raimundo Nonato Silva, 57 anos, profissão indefinida, cliente do bar , foi o primeiro a reagir ao assalto, empurrando uma mesa na direção de Cleidenilson. Também impediu a fuga do adolescente derrubando-o da bicicleta. A denúncia não aponta outras agressões.

Waldecir Almeida Figueiredo, 65 anos, é o dono do bar . A denúncia diz apenas que ele e Élio “partiram para cima de Cleidenilson” com o intuito de impedi-lo de atirar.

Em decisão tomada nesta sexta-feira (21), o juiz Gilberto de Moura Lima, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, desmembrou o julgamento em dois, para reduzir o número de presentes, em virtude da pandemia do novo coronavírus. No dia 1º de dezembro, sentarão no banco dos réus Alex Ferreira Silva e Sousa, Raimundo Nonato Silva, Felipe Dias Diniz e Cícero Carneiro Meireles Filho. Dois dias depois, será a vez de Elio Ribeiro Soares, Ismael de Jesus Pereira de Barros, Waldecir Almeida Figueiredo, Ivan Santos Figueiredo e Marcos Teixeira Ribeiro Soares serem julgados.

A denúncia do promotor, aceita pela Justiça em junho de 2016, frisa que, “impelidos por sentimento de vingança” após a tentativa de assalto , os envolvidos agiram “usurpando a função do Estado de julgar e de punir”. Já Cleidenilson e o adolescente, para Agamenon, passaram de “pretensos réus” a “vítimas da barbárie vingativa dos denunciados”.

Cleidenilson jamais havia respondido na Justiça por qualquer delito, tampouco tinha passagens pela polícia. O adolescente que o acompanhava também não possuía nenhum tipo de anotação criminal.