Perito da família de Adriano diz não haver sinais de tortura
Médico Talvane de Moraes afirma, no entanto, que agressões "nem sempre são visíveis". Miliciano tinha ligação com Flávio Bolsonaro e foi morto
Por Agência O Globo |
Contratado pela família do ex-capitão Adriano Magalhães na Nóbrega para aompanhar o exame necroscópico complementar do corpo do ex-PM, feito nesta quinta-feira, por peritos oficiais no Instituto Médico-Legal do Rio (IML), o médico legista Talvane de Moraes disse, nesta sexta-feira, não ter visto sinais aparentes de tortura no cadáver do ex-capitão. Moraes ressalvou, no entanto, que nem sempre sinais deste tipo são visíveis e que o corpo já havia sido muito manipulado anteriormente.
"Os exames foram feitos pelos peritos oficiais e eu fiquei acompanhando. Os sinais de tortura nem sempre são visíveis. Há tortura psicológica e há tortura física que pode deixar ou não marcas. Não deu para perceber nenhum sinal [de tortura]. As condições também não eram ideais, já que o corpo já havia sido muito manipulado. Estava embalsamado e sem os órgãos internos", disse o médico.
Embora a Justiça da Bahia tenha estipulado um prazo de 15 dias para a conclusão do laudo complementar, Talvane acredita que seja necessário pelo menos mais um mês para os trabalhos serem totalmente concluídos. Ele também adiantou que foram recolhidas amostras de tecidos do corpo, com alguns tipos de marcas de queimaduras (provocadas ou não por tiros), que podem ajudar a esclarecer como a morte ocorreu.
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"Pela minha experiência, acho que vai demorar mais de um mês para o laudo ficar pronto. Isso por conta das análises de queimaduras que precisam ser feitas. São marcas que podem ser importantes para determinar a causa e as condições que a morte ocorreu. Foram retirados pedaços de tecidos que serão enviados para laboratório para exames microscópicos e de reação de substâncias químicas", concluiu Talvane.
Adriano Magalhães da Nóbrega morreu no último dia 9, após uma troca de tiros com PMs do Bope da Bahia, na cidade de Esplanada, no Norte daquele estado. Um primeiro exame cadavérico, feito no IML de Alagoinhas, município baiano próximo a Alagoinhas, já havia concluído que não houve tortura e que o ex-capitão recebeu dois tiros, entre o pescoço e o tórax.