Seis policiais foram “resguardados” e retirados das ruas após ação que deixou nove pessoas mortas e 12 feridas durante baile funk na favela de Paraisópolis, Zona Oeste de São Paulo, na madrugada do domingo (1). Documentos obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo mostram que há divergências nos depoimentos dos policiais sobre o motivo que ocasionou a tragédia.
A versão oficial da corporação é de que dois homens em uma moto furaram bloqueio policial e entraram no meio da multidão. Os policiais teriam ido atrás deles e os suspeitos teriam disparado, o que desencadeou desespero e correria do público. A polícia teria, então, pedido reforço para sair do local, o que fez com que outros oficiais utilizassem força “não letal” para ajudá-los.
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Outras narrativas dadas em depoimento à polícia civil, porém, dão conta de que os policiais que entraram na multidão atrás da moto foram agredidos pelo público, conseguiram sair do local e relataram a situação para um comandante, que conversou com outro comandante e decidiu retornar ao local.
A versão dos moradores é de que uma emboscada foi feita contra os participantes do evento, com policiais cercando os jovens de dois lados e os obrigando a tentar sair do local por uma viela estreita, batendo naqueles que tentavam passar por eles.
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Os moradores também afirmam que não presenciaram moto suspeita passando no local. A polícia apreendeu munições consideradas suspeitas, mas não conseguiu apreender a suposta motocicleta.
Um inquérito foi aberto para investigar o caso. Todos os mortos no baile funk de Paraisópolis tinham entre 14 e 23 anos e apenas um deles era mulher.