Subsecretário da Polícia Militar prende comerciante que não quis pagar propina

Episódio com envolvimento do coronel Rubens Castro Peixoto Júnior aconteceu no último dia 21. Militar foi preso nesta sexta (29), no Rio

Quantia teria sido recolhida no dia em que o comerciante foi preso acuso de tentativa de suborno pela Polícia Militar.
Foto: REPRODUÇÃO / POLICIA MILITAR
Quantia teria sido recolhida no dia em que o comerciante foi preso acuso de tentativa de suborno pela Polícia Militar.

Subsecretário de Inteligência da PM, o coronel Rubens Castro Peixoto Júnior prendeu por tentativa de suborno um comerciante que recebeu material contrabandeado e não lhe pagou a quantia de propina estipulada. O episódio aconteceu no último dia 21. O militar foi exonerado nesta sexta-feira (29), quando foi incluído entre os alvos de uma operação da Polícia Civil contra um esquema de extorsão.

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Na tarde do último dia 21, segundo o oficial, a Subsecretária de Inteligência da Polícia Militar havia recebido uma informação de que um comerciante de Madureira havia recebido “uma farta quantidade de material contrabandeado”. Ainda de acordo com o relatório do coronel enviado à imprensa, “equipes da S4 procederam ao local supracitado e após intenso trabalho de busca localizou farto material contrabandeado de origem chinesa”. À época, a Polícia Militar informou que apreendeu três toneladas de produtos, avaliados em mais de R$ 1 milhão.

Segundo Castro, “um suspeito responsável pelo material, após ser dada voz de prisão ao mesmo, tentou oferecer vantagem indevida (10 mil reais, para que não apreendessem o material)”, escreveu o oficial. Mas imagens do episódio e informações obtidas pela Polícia Civil mostram uma história diferente.

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De acordo a investigação, os PMs da inteligência estiveram no local para extorquir o chinês e não para confirmar informação de contrabando. O homem que não tinha a quantia estipulada pelos militares acabou sendo preso e acusado de tentar subornar os agentes. Ainda de acordo com a Polícia Civil, a prisão do chinês teria servido de exemplo para outros comerciantes que não estavam pagando o que os policiais estipulavam.

Cinco policiais presos

Cinco PMs do setor de inteligência foram presos pela Polícia Civil na operação desta sexta. Além deles, outros dois estavam foragidos até o fim da manhã. Todos foram indicados por Peixoto para a subsecretaria.

O setor de Inteligência da Polícia Militar fica perto da sala do secretário da corporação Rogério Figueredo de Lacerda. Nesta manhã, agentes da Polícia Civil usaram alicates e arrombaram diversos armários dos PMs — no Quartel Geral da PM — que estavam envolvidos no esquema criminoso. Nenhum porta-voz das duas polícias foi autorizado a passar informações .

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Por meio de uma nota, a Polícia Militar afirma que “repudia, com veemência, condutas criminosas realizadas por seus integrantes”. Ainda de acordo com o comunicado, “é interesse da Polícia Militar identificar e expurgar policiais que manchem a honra da corporação”.

Por fim, a corporação afirma que “a Corregedoria Geral da Polícia Militar acompanha toda a ação e tomará as medidas cabíveis pelas condutas dos envolvidos no caso”.

Procurado, o delegado Mauricio Demétrio Afonso Alves, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), disse que não estava autorizado a passar detalhes da investigação. Cerca de 70 policiais civis participaram da operação.