Laudo detecta cocaína em líquido ingerido por moradores de rua mortos

Bebida que matou quatro pessoas no último sábado (16) tinha 51 mg da droga por ml. Além dos mortos, outras quatro pessoas foram hospitalizadas

Moradores de rua morreram no último sábado (16).
Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Moradores de rua morreram no último sábado (16).

Laudo do Instituto de Criminalística de São Paulo, divulgado na tarde desta sexta-feira, mostra que a garrafa de bebida usada em suposto envenenamento em Barueri continha altas doses de cocaína. Quatro moradores de rua morreram e outros quatro foram hospitalizados depois de ingerirem o líquido, no último sábado, numa praça da cidade da Grande São Paulo.

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Segundo Anderson Giampaoli, delegado titular do caso, o laudo do Instituto de Criminalística, que fez a perícia do líquido, apontou a presença de 51 miligramas de cocaína por mililitro da bebida.

"Foram encontradas doses cavalares de cocaína, além do álcool etílico, que é comum da bebida alcoólica. Não é álcool de limpeza, que teria metanol, isso não foi detectado pelo instituto", disse Giampaoli.

De acordo com o laudo, cada uma das vítimas mortas consumiu 1,5 gramas de cocaína ao ingerir as doses da bebida. A literatura médica mostra que para um ser humano saudável, não viciado, a dose letal de cocaína é de 1,2 gramas.

"O álcool potencializa esse efeito. O fato de serem viciados, mais os hábitos de vida, potencializam ainda mais", afirmou o delegado. As investigações continuam, e a polícia trabalha com diversas linhas. Giampaolo disse que não descarta a hipótese de crime planejado .

"Podemos tanto estar diante de alguém que colocou a cocaína para eles ingerirem, como também podemos estar diante de alguém que perdeu a droga. Se houve a intenção (de matar), a pergunta é: por que usaram uma cocaína líquida em vez de um veneno, que é muito mais barato?", diz o delegado.

Um dos sobreviventes do suposto envenenamento teve a prisão decretada pela Justiça de São Paulo na noite de terça-feira. Vinicius Salles, de 31 anos, está sendo investigado por homicídio e tentativa de homicídio.

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Com prazo de 30 dias, a prisão foi pedida, porque Salles prestou depoimentos contraditórios à polícia. No primeiro, havia dito que recebeu uma garrafa de bebida alcoólica de desconhecidos na sexta-feira da semana passada, na Cracolândia, região central de São Paulo. Ele teria saído de lá caminhando até o centro de Barueri, um trajeto de 27 quilômetros, com a garrafa na mochila.

Na segunda versão, afirmou que encontrou a garrafa no centro de Barueri. Salles também ingeriu o líquido e ficou internado. Segundo Giampaolo, nas novas diligências realizadas nos últimos dias Salles continuou insistindo na versão de que encontrou a garrafa numa rua de Barueri, próximo do albergue onde ficava.

Depois de ter a prisão decretada, Salles deixou o hospital na noite desta terça-feira, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer um exame de corpo de delito e agora se encontra na delegacia de Carapicuíba. Segundo sua defesa, ele está confuso e sendo medicado.

Outros três sobreviventes do grupo que tomou uma bebida supostamente envenenada tiveram alta na manhã desta quarta-feira. Eles estavam internados, em estado estável, no Hospital Municipal de Barueri Dr. Francisco Moran desde o último sábado.

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Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Barueri , receberam alta as vítimas Silvia Helena Euripes, de 54 anos, Renilton Ribeiro Freitas, 43, e Sidnei Ferreira de Araújo Leme, 38.