Polícia responde por 34% dos assassinatos na capital paulista no último semestre

Cidade de São Paulo tem o maior índice de mortes causadas por policiais desde 2010, segundo levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz


Foto: Pixabay/Creative Commons
Das 581 mortes violentas ocorridas no primeiro semestre de 2019 na capital paulista, 197 são causadas por polícias.

Um terço dos assassinatos ocorridos na cidade de São Paulo no primeiro semestre deste ano tiveram como autores policiais civis e militares, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz , com base nas estatísticas divulgadas pelo governo do Estado .

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Ao todo, o período registrou 581 mortes violentas (homicídios, latrocínios e lesões seguidas de morte), das quais 197 (34%) aconteceram pelas mãos da polícia . É o maior índice desde 2010. Em contrapartida, também no primeiro semestre, morreram 11 policiais, mesmo número do ano passado e redução de quase 70% em relação a 2010, entre janeiro e junho.

Outro dado copilado pelo instituto mostra que, dos 163 policiais assassinados nos primeiros semestres de 2010 a 2019, 77% foram mortos durante a folga.

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Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo , que divulgou os dados na terça-feira (24), o ouvidor das polícias no estado, Benedito Mariano, considerou a letalidade policial “muito alta”.

Ele acredita que a situação pode piorar se o  Congresso Nacional aprovar o projeto anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro , que prevê o “excludente de ilicitude” – na prática, uma carta branca para policiais matarem sem ter que responder por isso.

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“Sou crítico ao projeto, porque vai levar a uma maior aumento da letalidade policial. O que defendo é que, de forma urgente, devemos centralizar no órgão corregedor as apurações de letalidade policial”, disse Mariano ao jornal.