O crime muitas vezes é movido pela certeza da impunidade. O caso que o Capitão Daleck da Polícia Militar Ambiental me contou no início da tarde desta quinta-feira (16) é no mínimo revoltante e tem relação com esse grave problema que acompanha muito de perto o trabalho Policial.
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Na madruga dessa terça para quarta-feira (15), a Polícia Militar Ambiental por meio do seu sistema de inteligência recebeu informações que uma conhecida traficante de animais silvestres estava em movimento pela região de São José do Rio Preto.
"Com base nessas informações, nós acionamos a PM Rodoviária para que eles fizessem a abordagem da suspeita. E ela acabou sendo abordada na região de Catanduva. Nós fomos até esse ponto e acabamos encontrando ela com um filhote de macaco-prego que não tinha nem um ano de vida", revela o Capitão Daleck.
A partir daí, os PMs fizeram todo o processo de autuação. A mulher foi indiciada por crime ambiental, recebeu uma multa por transporte de animal silvestre e, pasmem, foi solta. Com apenas a multa no valor de R$ 500. Mas o que mais revolta é que essa história não acaba aqui.
No final da noite dessa quarta-feira (15), a inteligência da PM Ambiental entrou em ação e informou que a mulher estava mais uma vez em ação. "Ficamos fazendo o monitoramento dessa criminosa e soubemos que ela pegou um ônibus para a capital. Acionamos novamente a Rodoviária e eles conseguiram parar o coletivo na região de Cedral. Para espanto de todos que estavam ali, ela estava com outros quatro macacos no mesmo dia. Três estavam fechados dentro de uma mala e outro na bolsa que ela levava. É uma situação assustadora, nós monitoramos essa traficante desde julho e essa já é a sétima vez que ela é pega em flagrante por nossas equipes", diz o Capitão.
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Segundo o Policial, as equipes da PM já haviam feito outras ações na casa da suspeita e lá encontraram macacos, uma arara em extinção e vasto material para falsificar a legalidade dos animais. "Ao todo foram 20 mil reais em multas, por transportar animal nativo e maus-tratos, que serão majoradas ao triplo pela reincidência específica. Ou seja, as multas chegarão a 60 mil reais.. Mesmo com os sete flagrantes ela está solta e continua praticando o crime. Ela recebe penas restritivas, mas com o passar do tempo ela pode acabar presa por essas infrações pelas quais está sendo indiciada", aponta o Capitão Daleck.
Os animais foram encaminhados para o hospital veterinário do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP). E a mulher, infelizmente, ainda está solta.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, para cada animal retirado da natureza e colocado à venda, outros nove acabam morrendo nas mãos dos traficantes, vítimas do abuso e maus tratos decorrentes da captura e transporte precários.
"Esse tipo de crime só existe por que tem gente que compra os animais. É um mercado muito grande. As pessoas têm que ter consciência que quem compra também pode responder por crimes. Por isso a gente incentiva a denúncia contra esse tipo de infração. Os olhos da população está, muitas vezes, onde a gente não consegue ver. Isso é muito importante para a PMA", diz o Capitão Daleck.
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O caso de reincidência dessa traficante é revoltante, mas você já parou para pensar que nós também podemos ter parte dessa culpa? As nossas leis não protegem ninguém, nem eu, nem você e como vimos, nem os animais. Por isso, fica aqui o alerta. Na hora de escolher os políticos que vão nos representar, pensem bem e tentem fazer a melhor escolha. Só assim, nós poderemos ser um mecanismo importante na mudança que queremos ver no nosso País.