O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) , indicou nesta quinta-feira (8) que deve vetar a emenda que permitiria o aumento dos gabaritos de hotéis no centro de Brasília, prevista no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub). Ele ainda ouvirá a avaliação final de técnicos do governo.
A declaração foi feita durante um almoço-debate promovido pelo Lide Brasília, na residência de Fernando Cavalcanti, vice-presidente do Nelson Wilians Group , e contou com a presença de alguns dos principais empresários do Distrito Federal.
O anúncio oficial do emedebista sobre os vetos ao projeto deve ocorrer na próxima segunda-feira (12). “Não devemos mexer muito na cidade”, afirmou o governador ao ser questionado pelos jornalistas presentes no evento. No total, serão cerca de 80 vetos, segundo o titular do Palácio do Buriti.
A sinalização de Ibaneis foi recebida com alívio por defensores da preservação das características originais de Brasília, como o empresário e ex-senador Paulo Octávio, que classificou a possível decisão como “mais do que sensata”.
“O Plano Piloto tem que ser preservado a todo custo. Nós temos um DF muito grande, com várias cidades, então o Plano Piloto deve manter o projeto do Lúcio Costa. Nós precisamos preservar o que foi construído com tanto carinho e que hoje é aplaudido pelo mundo todo”, destacou Paulo Octávio, quando enfatizou a importância de manter intacto o legado urbanístico da capital federal.
A proposta de alteração dos gabaritos, que permitiria a construção de edifícios com até 12 andares em áreas que atualmente abrigam prédios de até três andares, gerou controvérsias desde sua aprovação pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) no dia 19 de junho.
Críticas e polêmicas
A mudança, segundo críticos, contraria os princípios arquitetônicos e urbanísticos que nortearam a construção da cidade, colocando em risco a qualidade de vida dos moradores do centro de Brasília.
Além das preocupações com o impacto no trânsito e na infraestrutura da região, a emenda também levantou questões sobre especulação imobiliária e a possível perda da identidade arquitetônica de Brasília, um patrimônio tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Outros pontos polêmicos do PPCub incluem a autorização para construções no setor Oeste do Eixo Monumental e a potencial exploração econômica de áreas verdes, especialmente às margens do Lago Paranoá.
Ibaneis Rocha já havia adiantado ao GPS|Brasília que sua equipe está analisando cuidadosamente cada uma das mudanças aprovadas pelos deputados distritais, e que alguns pontos controversos, como a regularização de motéis na W3 e a exploração de terrenos próximos ao Eixo Monumental, poderão ser vetados.
O texto aprovado pela CLDF, agora em análise pelo governador, enfrenta resistência também entre urbanistas, arquitetos e ambientalistas, que criticam a rápida aprovação da proposta e a falta de debate com a sociedade. Setores da oposição já anunciaram que pretendem contestar judicialmente o PPCub, alegando ameaça ao tombamento da capital federal.
A decisão final de Ibaneis Rocha sobre o PPCub será crucial para o futuro de Brasília. Enquanto se busca um equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a preservação do patrimônio arquitetônico e ambiental da cidade, a responsabilidade de garantir um planejamento que respeite a história e a identidade da capital federal recai sobre o chefe do Executivo local.
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