Nos EUA, Benjamin Netanyahu defende ações de seu governo na Faixa de Gaza

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu a sua conduta na guerra da Faixa de...

Nos EUA, Benjamin Netanyahu defende ações de seu governo na Faixa de Gaza
Foto: ESTADÃO CONTEÚDO
Nos EUA, Benjamin Netanyahu defende ações de seu governo na Faixa de Gaza

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu a sua conduta na guerra da Faixa de Gaza no seu discurso no Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira (24). Durante cerca de 40 minutos, o premiê construiu uma retórica da guerra como “civilização e barbárie” , disse que as ações de Israel foram de autodefesa e agradeceu os políticos americanos pelo apoio na guerra. Ele foi ovacionado durante grande parte do tempo.

— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) July 24, 2024

O discurso foi realizado durante visita de Netanyahu nos EUA, em sua primeira viagem ao exterior desde o início da atual guerra na Faixa de Gaza, em 6 de outubro do ano passado. Em nove meses de conflito, dezenas de pessoas seguem reféns do Hamas e quase 40 mil palestinos morreram por ataques israelenses, a maioria crianças e mulheres.

O premiê focou em elogiar a liderança entre Israel e os EUA e evitou tocar na política interna americana, elogiando tanto Joe Biden como Donald Trump e deixando as diferenças com estes de lado. Netanyahu não citou a vice-presidente Kamala Harris, com quem irá se encontrar nesta quinta (25), para debater o futuro do conflito e que agora disputa as eleições presidenciais.

Em grande parte do discurso, Netanyahu se dedicou a argumentar que os EUA e Israel tinham uma causa em comum no Oriente Médio, que tem o Irã como o maior inimigo e a democracia como defesa. “Nossos inimigos são seus inimigos. Nossa vitória será a sua vitória” , disse.

O premiê também apelou para mais ajuda militar americana para Israel , destacando o papel que o país teve em relação aos EUA em outros momentos no fornecimento de armamentos avançados, utilizados “para proteger soldados americanos” , e nas informações de inteligência sobre o Oriente Médio. “Ajudamos a manter as botas dos soldados dos EUA no chão (do Oriente Médio), ao mesmo tempo que protegemos nossos interesses comuns” , declarou Netanyahu.

Em seguida, disse enfaticamente para pressionar o envio das armas. “Dê para nós as ferramentas mais rapidamente e terminaremos o trabalho mais rapidamente” , disse. O plano de cessar-fogo e o acordo para libertação de reféns não foram citados diretamente durante o discurso de Netanyahu.

Apesar de estranhamentos com o governo Biden durante a guerra em Gaza, Netanyahu não fez críticas ao presidente. Ao contrário, o elogiou por uma resposta rápida de apoio a Israel após ataque do Hamas. Os elogios foram repetidos para Donald Trump, que durante o governo reconheceu Jerusalém como capital de Israel e mudou a embaixada dos EUA de Tel-Aviv para Jerusalém, algo nunca reconhecido pela comunidade internacional, incluindo a ONU.

O premiê israelense se referiu primeiro a Biden no início do seu discurso, agradecendo-o por ter trabalhado junto de Israel tanto na libertação de reféns quanto no apoio militar, com o envio de dois porta-aviões. “Ele veio a Israel para estar conosco na hora mais obscura” , declarou. Depois, ele agradeceu o presidente por ser um “irlandês-americano sionista” orgulhoso.

Ele também dedicou um trecho do seu discurso para criticar o Tribunal Penal Internacional, que emitiu uma ordem de prisão contra ele em maio por crimes de guerra em Gaza, como ataques a civis e a comboios humanitários. “Eles estão tentando algemar as mãos de Israel” , declarou, afirmando em seguida que os próximos alvos poderiam ser os Estados Unidos. As críticas também foram direcionadas às acusações de genocídio. No fim, também falou sobre os planos israelenses para o pós-Guerra. Ele voltou a repetir que não possui planos de ocupar a Faixa de Gaza. “Uma nova Gaza pode surgir” , disse, mas não deu mais detalhes.

Citações a reféns e soldados
Netanyahu apareceu para o discurso utilizando um broche com um laço amarelo na lapela, símbolo do movimento de libertação dos reféns que estão na Faixa de Gaza, acompanhado de reféns libertados e soldados israelenses. No início do discurso, apresentou os israelenses que o acompanharam, incluindo soldados de origem etíope e outro da comunidade beduína, e classificou-os como heróis. “Estes são os soldados de Israel, inflexíveis e destemidos” , disse.

Ao citar os reféns, referiu-se a Noa Argamani, libertada recentemente e que o acompanha nos EUA, e americanos que seguem capturados pelo Hamas. As famílias destes estiveram presentes no Congresso.

O discurso foi acompanhado de palmas efusivas dos políticos presentes durante todo o tempo. Apesar das palmas, o apoio não foi incondicional. Em um dos trechos do discurso, a deputada democrata Rashida Tlaib, filha de imigrantes palestinos, ergueu uma placa com frases “Criminoso de guerra” e “Culpado de genocídio” para protestar contra Netanyahu. O ato foi seguido de vaia dos apoiadores de Netanyahu, que não fez referência à placa.

Protestos
Do lado de fora, os manifestantes fizeram uma série de protestos a um quarteirão do Capitólio , que se estenderam por quatro quarteirões dos arredores, de acordo com o jornal The New York Times . Policiais com equipamentos de choque acompanharam os manifestantes de perto por toda a extensão. Os manifestantes caminharam pelas ruas do Capitólio cantando “Palestina livre do rio ao mar” .

Durante críticas feitas aos protestos pró-Palestina, Netanyahu deslegitimou os manifestantes sem provas, chamando-os de financiados por Teerã e de “idiotas úteis”, momento em que recebeu uma das saudações mais demoradas. Não há nenhuma prova que os protestos tenham sido financiados pelo governo iraniano.

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