O Brasil é um país de dimensões continentais e rico em cultura em seus quatro cantos. Essa cultura, que existe antes mesmo da descoberta do país, foi ganhando novos elementos com o passar dos séculos. Isso pode ser percebido de forma muito clara em um dos traços culturais mais marcantes de um país, que é a sua língua. Apesar de ter recebido o português como idioma por causa da colonização portuguesa, referências de outros lugares nunca pararam de chegar.
Pode se dizer que a França é uma das mais fortes quando o assunto é influência na língua portuguesa na literatura e gastronomia, por exemplo, mas para além disso, são inúmeras as palavras que utilizamos no nosso dia a dia que vieram do país Europeu, algumas conhecidas pela sua grafia e pronúncia originais, e outras que foram adaptadas para o dicionário brasileiro.
A professora da Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Sociolinguística, Rosineide Magalhães de Sousa, explica que entre os séculos 19 e 20, houve uma ascensão muito grande da França em relação à cultura e que até os dias de hoje, é um país de uma cultura muito forte no mundo todo.
“ As palavras chegaram ao português brasileiro por conta da influência cultural da França nesse período, em que os filhos da elite brasileira estudavam lá, iam fazer seus cursos nas escolas de altos estudos, nas universidades, e a literatura naquela época era muito forte, os estudos científicos também, então a França esteve numa ascensão muito grande, uma sessão cultural e científica. E aí, as pessoas que iam estudar fora do Brasil, traziam muito dessas palavras para cá e foram incorporando no nosso português, principalmente a elite cultural brasileira. Então, várias palavras foram entrando para o nosso léxico, estão até hoje “, conta.
Léxico é o conjunto de palavras existente em um determinado idioma, que as pessoas têm à disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito em seu contexto. Apesar de muitas palavras terem sido modificadas quando adotadas pelo português, outras entraram para o nosso léxico, como no caso do termo “lingerie” — roupa íntima — que não teve uma alteração morfológica, da ortografia.
“ Essa questão de aportuguesar ou não a palavra, isso depende muito do uso, do uso das pessoas. Tem palavras do inglês também que não foram aportuguesadas. Então, isso é uma seleção natural dos falantes, eles vão adotando essa forma de escrever ou de falar “, analisa a professora.
De acordo com ela, o Brasil sempre foi um país muito aberto para adotar termos que vêm de outros países, diferente da França, por exemplo, onde costumam ser mais “fechados” quando o assunto é cultura. E Rosineide reforça que isso não traz prejuízo nenhum para uma língua, pelo contrário: “ Só aumenta a nossa cultura e capacidade de sermos democráticos em relação aos estrangeirismos e também de adaptá-los a nossa morfologia “, completa.
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