Uma expectativa é um reflexo do mundo mental particular e singular que cada um carrega em sua mente. Quando uma expectativa é criada, uma imaginação é desenhada. Esse processo é alimentado pelos medos e desejos que se fundamentam na memória e na recordação que a mente registrou. Esse mapa é essencial para que se possa compreender os efeitos de uma expectativa.
Quando a mente desenha como deve ser uma situação, uma relação, um trabalho, uma fase da vida, uma viagem, uma festa e tudo que compõe o universo particular de cada pessoa, está-se determinando a frustração. Essa afirmação é verificável pelo fato de que a realidade não é a particularidade da nossa mente. A realidade não lê, não conhece e nem compreende a expectativa que nossa mente criou a partir dos nossos desejos e medos.
Dessa forma, toda expectativa nunca acontecerá como imaginamos. O que foi desenhado em nossa mente pertence a nós. Quando nos abrimos para planejar a vida com flexibilidade, experimentamos menos sofrimento, frustração e traumas. Pois, a realidade estará sempre aberta para nos mostrar caminhos e possibilidades, enquanto a expectativa só funciona com o que imaginamos ser o melhor para nós.
Confiar no que vem, da forma como vem, é aprender a ver, sentir e pensar em possibilidades diversas e infinitas. O que é o melhor para nós não passa pela nossa imaginação, pois não se sustenta em nossos medos e desejos, e sim na expressão de um desapego de nós mesmos. Viver com coragem é abrir mão da expectativa. Planejar com flexibilidade é confiar que tudo é mais do que a própria necessidade.
*Milene Costa é Doutoranda em Ciências da Religião, Mestre em Filosofia e possui diversas especializações na área de Teologia, além de uma carreira de mais de vinte anos como acadêmica. É a fundadora e maior responsável pela Ser e Pertencer, espaço que auxilia pessoas e grupos no cultivo da qualidade humana para as novas sociedades.
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