Paraíso do Tuiuti apresenta samba sobre primeira travesti não indígena do Brasil

O samba-enredo da Paraiso do Tuiuti para o carnaval 2025 foi apresentado na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, no fia 10/7. Os compodirores são Claudio Russo e Gustavo Clarão.
O samba-enredo da Paraiso do Tuiuti para o carnaval 2025 foi apresentado na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, no fia 10/7. Os compodirores são Claudio Russo e Gustavo Clarão.. Foto: Reprodução: Flipar
O enredo da Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2025 tem como título “Quem tem medo de Xica Manincongo?” A escola de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, vai levar para a Marquês de Sapucaí a história da primeira travesti não indígena do Brasil. . Foto: Reprodução: Flipar
“O título do enredo é uma provocação. A quem interessa apagar a história de Xica Manicongo? Ela foi transgressora em sua trajetória, foi fichada pela Santa Inquisição e virou símbolo de luta das pessoas trans”, contou o artista.. Foto: Reprodução: Flipar
O enredo foi celebrado pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a primeira transexual eleita para o Congresso Nacional ao lado de Duda Salabert (PDT-MG), em 2022. Ela esteve no lançamento do enredo e também na apresentação fo samba.. Foto: Reprodução: Flipar
“Xica teve sua história apagada por séculos, e o resgate de sua memória é também o fortalecimento das pessoas LGBTQIA perante aqueles que até hoje querem nos ver na fogueira”, comemorou a deputada.. Foto: Reprodução: Flipar
Em 2022, dada também à importância do nome da personagem para a comunidade LGBTQIA , a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei (PL) para que uma via da capital paulista passasse a ter o seu nome.. Foto: Reprodução: Flipar
“Xica Manicongo foi a primeira travesti não indígena do Brasil. Trazida sequestrada da região do Congo, pertencente à categoria das quimbandas de seu povo, sua expressão de gênero era lida pelo colonizador como feminina”, dizia a justificativa do PL assinado também pela então vereadora Érika Hilton (PSOL-SP).. Foto: Reprodução: Flipar
“Xica Manicongo representa a luta das travestis brasileiras pelo seu direito à memória e reconhecimento e por isso é importante homenagear sua luta e existência.”, disse a vereadora.. Foto: Reprodução: Flipar
Trazida do Congo para Salvador, na Bahia, Xica foi escravizada e trabalhou como sapateira na capital nordestina no século XVI. . Foto: Reprodução: Flipar
No entanto, Xica recusava-se a utilizar o nome masculino que lhe foi imposto, ao mesmo tempo em que seguia vestida em seus trajes femininos.. Foto: Reprodução: Flipar
Por anos, a historiografia retratou Xica enquanto Francisco, assassinando seu direito à memória. Ela também teve seu comportamento reprimido pelos costumes da época. . Foto: Reprodução: Flipar
A escravizada foi acusada de sodomia, sendo considerada até mesmo como uma feiticeira, de acordo com o Casa 1, centro de referência no acolhimento de pessoas pessoas LGBTQIA em São Paulo.. Foto: Reprodução: Flipar
Somente com o movimento de travestis e pessoas trans na academia que foi possível trazer a verdade sobre a história de Xica Manicongo, atribuindo-lhe o título de primeira travesti brasileira não indígena.. Foto: Reprodução: Flipar
Seu sobrenome, Manicongo, era um título utilizado pelos governantes no Reino do Congo para se referir aos seus senhores e às suas divindades. Dessa forma, podemos então traduzir o nome dela como “Rainha ou Realeza do Congo”.. Foto: Reprodução: Flipar
No século XVI, as normas e regras de cisgeneridades eram ainda mais rígidas, mas Xica se recusava a usar vestimentas consideradas masculinas para a época e a se comportar “como um homem”. Foto: Reprodução: Flipar
Por conta desta resistência, ela foi acusada de sodomia e julgada pelo Tribunal do Santo Ofício, instituição eclesiástica responsável por punir judicialmente crimes de “heresia”.. Foto: Reprodução: Flipar
Além destas denúncias, ela também foi acusada de participar de “uma quadrilha de feiticeiros sodomitas”.. Foto: Reprodução: Flipar
Xica Manicongo foi condenada à pena de ser queimada viva em praça pública e ter seus descendentes desonrados até a terceira geração.. Foto: Reprodução: Flipar
No último carnaval, a Paraíso do Tuiuti apresentou um carnaval em homenagem a João Cândido, líder da Revolta da Chibata, e ficou com a nona colocação, com 268,3 pontos. Na ponta da classificação, a Unidos do Viradouro conquistou o terceiro título de sua história.. Foto: Reprodução: Flipar
A Estação Primeira de Mangueira é a escola-madrinha da Paraíso do Tuiuti. As escolas têm ligação por serem de morros vizinhos. Além disso, a escola tem como símbolo uma coroa, com uma lira na ponta de cima, ladeada por ramos de louro desde sua base. . Foto: Reprodução: Flipar