Nigerianos sobreviveram 14 dias espremidos em leme de navio

A Polícia Federal recebeu o chamado de resgate por volta das oito horas da manhã do dia 10/07, após um dos nigerianos pedir socorro.

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Ao chegar no local, um agente da PF se comunicou em inglês com um dos nigerianos.

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O resgate levou cerca de 40 minutos. Os imigrantes tiveram que se espremer em um espaço de 3 metros quadrados para fugir da chuva e do frio.

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O compartimento faz parte da caixa de máquina do leme, um espaço que serve para a manutenção do dispositivo. O espaço se assemelha ao de uma caixa d’água.

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A viagem inteira levou 14 dias. O navio saiu do Porto de Lagos, na Nigéria, no dia 27 de junho.

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Após o resgate, dois dos imigrantes decidiram retornar para a Nigéria com as despesas pagas pela seguradora do navio.

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Os outros dois nigerianos passaram alguns dias em um abrigo e serão acolhidos por uma missão da Igreja Católica.

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Segundo o Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (ACNUR), eles terão os mesmo direitos de um cidadão brasileiro.

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A Defensoria Pública da União solicitou pedido de refúgio para os dois imigrantes que desejam permanecer no Brasil.

Pillar Pedreira/Agência Senado

Quando chegaram ao Brasil, no dia 10 de julho, eles ainda não sabiam onde estavam. Segundo a reportagem, eles tinham a intenção de ir para a Europa.

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O leme, onde os nigerianos ficaram, é a estrutura do navio que dá a direção, localizada na parte traseira do casco, que fica em contato direto com a água.

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Segundo os agentes da PF, um dos maiores perigos era os nigerianos caírem no oceano se desequilibrassem.

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Ainda segundo os policiais, havia o risco dos homens se afogarem por estarem fracos e desidratados devido à longa travessia em péssimas condições.

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Os nigerianos não tinham espaço para ficarem deitados na estrutura. Durante o dia, fazia muito calor e à noite, muito frio.

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Os homens estavam sem tomar água e sem comer há pelo menos três dias.

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Assim que foram resgatados pela PF, os imigrantes receberam comida e água.

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Roman, de 35 anos -- o nigeriano que pediu socorro --, disse que buscava um "futuro melhor” para a família e para ele.

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Ao Fantástico, ele relatou não ter mais pai e a mãe, viúva, tem outros três filhos pequenos para cuidar.

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“Você fica com medo porque a água é forte e o barulho do motor... Você só pede a Deus para te proteger, você não pensa em mais nada. Era um lugar perigoso e arriscado, todo mundo estava com medo. Temos sorte de estar bem", relatou.

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O outro nigeriano resgatado tem 38 anos e se chama Matthew. Ele tem dois filhos e perdeu a casa depois de uma enchente ocorrida na Nigéria.

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Essa não é a primeira vez que um caso assim acontece. Em 2022, uma foto com três nigerianos sentados no leme de um navio rodou o mundo. Eles viajaram por 11 dias até chegarem nas Ilhas Canárias.

divulgação / SALVAMENTO MARÍTIMO DE ESPAÑA

País mais populoso da África, a Nigéria conta com 218 milhões de habitantes e, apesar de ser a maior economia do continente, tem altos índices de pobreza e desemprego.

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