Bolsonaro é acusado de fraude no cartão de vacinação. Entenda

A Polícia Federal constatou que, em 21 de dezembro do ano passado, ocorreu uma fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e de sua filha de 12 anos, pouco antes de eles viajarem para os Estados Unidos no penúltimo dia do mandato.

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Na quarta-feira (03/05), a Polícia Federal realizou uma operação na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Ele não foi alvo de mandado de prisão.

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Os policiais ficaram na casa de Bolsonaro por cerca de três horas em busca de evidências. O ex-presidente e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estavam na residência.

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Os policiais apreenderam o celular do ex-presidente.

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O tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e outras cinco pessoas foram presos pelos policiais.

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Bolsonaro chegou a ter um depoimento marcado pela Polícia Federal às 10h da manhã deste mesmo dia, mas não compareceu sob a alegação de não ter tido acesso aos autos do processo.

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A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das "milícias digitais" que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

- Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na decisão, o ministro considerou a hipótese da Polícia Federal de que um grupo relacionado a Bolsonaro inseriu informações falsas no ConecteSUS para obter benefícios ilícitos.

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Uma dessas vantagens teria sido a entrada de Bolsonaro no Estados Unidos no período entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. Ele esteve no país em três oportunidades, duas de forma oficial e outra não.

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O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – equivalente à Anvisa dos EUA – obriga que seja apresentado um certificado de vacinação a visitantes que não possuem agenda oficial no país.

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Após as buscas, Bolsonaro confirmou, junto à imprensa, que não se vacinou contra a Covid-19 e afirmou que ele não havia alterado os dados do cartão.

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Cabe lembrar que, em janeiro de 2021, o ex-presidente decretou sigilo de 100 anos sobre seu cartão de vacinação.

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Contudo, os dados da Rede Nacional de Dados em Saúde mostram que Bolsonaro teria recebido duas doses da vacina Pfizer.

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Segundo os registros, a primeira dose teria sido aplicada em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e a segunda no dia 14 de outubro, no mesmo local.

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Segundo os investigadores, as informações só foram adicionadas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no dia 21 de dezembro, pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.

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Uma semana depois, em 27 de dezembro de 2021, as informações foram removidas do sistema por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, que alegou um "erro".

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Embora haja o registro da vacina no dia 13 de agosto, chamou a atenção dos investigadores o fato de que neste dia a agenda do ex-presidente estava lotada: entrevista, participação em evento religioso, comício eleitoral e voos.

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Uma servidora do Município de Duque de Caxias afirmou que teria sido obrigada a disponibilizar as senhas para o acesso ao sistema de inserção de dados de vacinação.

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Os dados da investigação também mostram que um usuário emitiu um certificado de vacinação por meio do ConecteSUS, porém, segundo a PF, o endereço do computador que fez o processo pertence ao Palácio do Planalto.

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Tanto o terminal telefônico quanto o e-mail cadastrados no computador pertencem a Mauro Cid Barbosa. Esse comprovante teria sido emitido apenas no dia 30 de dezembro de 2022.

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Cerca de duas horas após a emissão do último certificado de vacinação, o ex-presidente seguiu rumo a Orlando, nos Estados Unidos.

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Além de Mauro Cid, também foram presos o sargento Luis Marcos dos Reis, que fazia parte da equipe de Mauro Cid, o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros (foto) e o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial.

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Além deles, o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro e o próprio João Carlos de Sousa Brecha, que inseriu os dados do ex-presidente no sistema, também foram presos.

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Na operação, a PF ainda apreendeu 35 mil dólares em dinheiro vivo na casa do tenente-coronel Mauro Cid, além de 16 mil reais, também em espécie.

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Além dos indícios por meio do sistema de saúde, a investigação ainda conseguiu acesso a trocas de conversas entre os envolvidos que confirmavam a fraude.

- Marcelo Camargo Agência Brasil

A Polícia Federal concluiu que “o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".

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Segundo a PF, quatro crimes podem ser imputados aos envolvidos: infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

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A PF ainda investiga se houve fraude do cartão de outros membros que estiveram na comitiva, como da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Carolina Antunes PR - Presidência da República -