Entre a floresta e a cidade: artista paraense celebra a ancestralidade amazônica na periferia de São Paulo

Além da obra em empena, a artista lança um mini documentário no dia 3 de dezembro, resgatando memórias e vivências ancestraisA artista visual paraense Isa Muriá transforma um prédio de São Paulo em uma ode à ancestralidade amazônica com a obra “Águas de Encantaria”, selecionada pelo Museu de Arte de Rua (MAR), projeto da Secretaria […]The post Entre a floresta e a cidade: artista paraense celebra a ancestralidade amazônica na periferia de São Paulo first appeared on Espaço do Povo.

Foto: Leonardo Almeida
Entre a floresta e a cidade: artista paraense celebra a ancestralidade amazônica na periferia de São Paulo

Além da obra em empena, a artista lança um mini documentário no dia 3 de dezembro, resgatando memórias e vivências ancestrais
A artista visual paraense Isa Muriá transforma um prédio de São Paulo em uma ode à ancestralidade amazônica com a obra “Águas de Encantaria” , selecionada pelo Museu de Arte de Rua (MAR), projeto da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. A pintura em empena – arte realizada em grandes paredes externas de prédios – homenageia as histórias e cosmovisões da Mãe d’Água da Amazônia, unindo memória, arte e ativismo ambiental.

O projeto não se limita às artes visuais: a narrativa também resultou em um mini documentário, que será lançado no próximo dia 3 de dezembro no canal da artista no YouTube, mostrando os bastidores e as inspirações por trás da obra. 

Homenagem às histórias amazônicas

Inspirada pelas histórias transmitidas oralmente em comunidades da Amazônia Paraense, Isa Muriá explora as narrativas míticas de mulheres-peixe e encantados que permeiam as memórias populares para além do folclore. A obra é um mergulho nas histórias do território originário tupinambá, hoje é a região da Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá (PA) , onde a relação entre natureza, espiritualidade e pertencimento permanece viva.

A pintura também faz um paralelo entre a ancestralidade amazônica e o bairro paulistano de M’Boi Mirim , onde está localizada. Com raízes indígenas tupi-guarani, o bairro carrega histórias que ecoam as lutas e resistências de territórios periféricos.

Para Isa, o projeto é um convite à reflexão: “É essencial que as localidades brasileiras conheçam e valorizem suas próprias histórias, ao mesmo tempo em que se conectam com referências amazônidas e com a riqueza cultural da Amazônia. Através da arte, ressaltamos a importância de preservar a região em sua totalidade ambiental, social e cultural.”

ScrFoto: Miguel Gondim de Castroeenshot
Foto: Miguel Gondim de Castro

Arte como resistência

“Águas de Encantaria” foi realizada com recursos do edital nº 08/2024 do projeto MAR – Museu de Arte de Rua, um dos maiores programas de arte pública do Brasil. A iniciativa transforma espaços urbanos em galerias a céu aberto, promovendo a democratização da arte e integrando a diversidade cultural ao cotidiano das cidades.

Além de valorizar as histórias amazônicas, a obra resgata o papel da arte como instrumento de educação, preservação e diálogo. Entrelaçando memórias de comunidades ribeirinhas e urbanas, a empena se torna uma ferramenta informativa e um símbolo de resistência cultural.

Um documentário para navegar pela ancestralidade

O mini documentário “Águas de Encantaria” , que será lançado no YouTube nesta terça-feira ( 3), é um desdobramento profundo da obra. A artista compartilha depoimentos de sua tia-avó, Glória Rocha , que relembra vivências com o pescador Manoel Rocha, bisavô de Isa, trazendo histórias de respeito à natureza e aos encantados para proteger as narrativas que seguem ameaçadas de apagamento.

“Escutar essas percepções do mundo e do respeito com os encantados me ensina muito. Salvaguardar a memória dos meus antigos me fortalece aonde vou e inspira esta e muitas outras obras. São essas vozes que navegam comigo na minha ancestralidade, minha raiz no mangue” , conta a artista.

O documentário, com imagens e áudios captados por Isa Muriá e Miguel Salvatore , é um compilado de depoimentos que resgata memórias orais e reforça a importância de proteger as narrativas que a conectam à ancestralidade.

Sobre a artista

Isa Muriá , ou Isabella Muriá, é artista visual, artivista ambiental, grafiteira, arte-educadora e pesquisadora paraense. Suas criações se expandem em diferentes telas e confluem com os rios e vielas do Norte. É idealizadora do projeto Maré das Cores junto com sua Mãe Iris Rocha e promove ações de arte educação e sustentabilidade, voltada principalmente para crianças.

Com um olhar sensível, Isa observa e registra retratos e cenas que a inspiram, transformando-os em ilustrações carregadas de significado. Há 10 anos, iniciou no graffiti e, desde então, expandiu sua prática para a pintura em telas, utilizando técnicas mistas como acrílica, spray e, mais recentemente, óleo sobre tela. Sua arte é também uma ferramenta de luta, apoiando e dando visibilidade às causas indígenas e às questões ambientais.

Serviço

Obra: Águas de Encantaria – Empena no Museu de Arte de Rua (MAR)
Endereço: Rua Luiz Antônio Verney, 311, Conjunto Habitacional Campo Limpo C, Jardim São Luiz

Lançamento do documentário: Dia 3 de dezembro em seu canal no YouTube

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