Autoridades dizem que soldado teve colapso nervoso. Atirador deixou base militar e invadiu casas já atirando, em Kandahar
Um soldado americano no Afeganistão matou pelo menos 16 pessoas e feriu outras cinco neste domingo na província em Kandahar. Segundo as autoridades americanas, ele sofreu um colapso nervoso. Ele deixou sua base militar em Panjwai por volta das 3h da manhã (19h30 de sábado no horário de Brasília), invadiu casas na região e abriu fogo contra os moradores.
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Uma pessoa da região disse que ele abriu fogo em três casas diferentes. Em seguida, o soldado se entregou aos oficiais americanos. Líderes tribais da região disseram que mulheres e crianças estão entre os dez mortos. Eles afirmam que o número de vítimas pode ser ainda maior. As autoridades americanas pedem desculpas.
A aliança militar Otan prometeu investigar o caso em cooperação com as autoridades afegãs e disse que o incidente é "profundamente lamentável". Testemunhas disseram ainda que os moradores dos arredores de Panjwai estão protestando em frente à base americana. A embaixada dos EUA emitiu uma nota na qual recomenda que ninguém viaje à região.
O episódio pode afetar ainda mais a imagem dos soldados americanos no Afeganistão. No mês passado, tropas do país queimaram várias cópias do Corão , o livro sagrado do Islã. As forças americanas disseram que os livros foram queimados por engano. Uma série de protestos devido ao episódio deixou 30 mortos, entre eles seis soldados americanos.
Testemunhas
À agência de notícias Reuters , testemunhas revelaram que pelo menos nove crianças foram mortas. A autoria do crime ainda é investigada já que moradores do vilarejo atacado disseram que os crimes foram cometidos por "soldados norte-americanos rindo e que pareciam estar embriagados".
Um pai afegão disse à agência que seus filhos morreram e acusou os militares de queimarem os corpos mais tarde. Vizinhos afirmam ter visto o grupo de soldados, por volta das 2h da madrugada, entrando nas casas e abrindo fogo. O incidente, um dos piores que ocorreram desde a invasão liderada pelos EUA no Afeganistão em 2001, pode aprofundar a divisão entre Washington e Cabul.
Haji Samad disse que 11 parentes morreram em uma casa, incluindo os seus filhos. Fotos mostram paredes cobertas de sangue, onde as crianças morreram. "Eles [os americanos] derramaram produtos químicos nos corpos e os queimaram", disse Samad à Reuters enquanto chorava.
"Eu vi os meus 11 parentes mortos, incluindo os meus filhos e netos", disse Samad, que havia deixado a casa no dia anterior. "Eles estavam todos bêbados e atiravam em todos os lugares", disse Agha Lala, que visitou uma casa onde ocorreu o incidente.
*com BBC Brasil, Reuters, EFE e AFP